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‘Um governo que faz tudo, te rouba tudo’, diz Glória Álvarez em entrevista exclusiva

Boletim da Liberdade conversou com a ativista libertária guatemalteca, que esteve no Brasil para circuito de palestras sobre liberalismo; Glória falou sobre 'candidatura' à presidência da Guatemala
Gloria Alvarez palestra no Brasil (Foto: Reprodução/Facebook)
Jornalista Pedro Rafael, do Boletim, entrevista a ativista libertária Glória Álvarez (Foto: Reprodução)

Boletim da Liberdade conversou no início do mês com a ativista libertária guatemalteca Glória Álvarez, que esteve presente no Rio de Janeiro por ocasião de um evento promovido pela seção estadual do Movimento Brasil Livre.

Com mais de 700 mil seguidores nas redes sociais, Glória falou sobre sua candidatura à presidência da Guatemala (apesar de estar abaixo da idade permitida pela Constituição para a disputa do posto), o lançamento de seu livro em português e sobre seu não-apoio à candidatura de Jair Bolsonaro nas eleições de 2018.

A ativista também conversou sobre possíveis soluções para a crise da Venezuela e sobre as dificuldades do movimento liberal na América Latina.

Confira:

Boletim da Liberdade: Você anunciou que é candidata à presidência da Guatemala mesmo a Constituição não permitindo a disputa com alguém da sua idade (34). Fale mais sobre isso. 

Gloria Álvarez: Isso eu já sabia desde antes – e, consciente disso, igualmente coloquei a minha candidatura pois o que pretendia era elevar o nível do debate e dar para as pessoas uma opção e deixá-las pensar, por exemplo, como é possível que haja candidatos habilitados sem propostas claras e, Glória, que não poderia ser, tenha bem claro o que quer fazer?

Felizmente, a população começou a questionar o porquê dessa idade mínima para a candidatura presidencial, quando a Constituição tem a mesma idade que eu. Nós duas somos de 1985. A população também começou a questionar sobre o porquê às vezes seguimos leis que são arbitrarias.

Como é possível que haja candidatos habilitados sem propostas claras e, Glória, que não poderia ser, tenha bem claro o que quer fazer?

Boletim da Liberdade: Como é ser uma das principais divulgadoras das ideias liberais no Brasil, a ponto de lançar um livro em português?

Gloria Álvarez: Super agradecida à vida pois nunca tinha imaginado que um trabalho como este poderia existir para mim, ainda mais porque sempre fui considerada uma louca na Guatemala com estas ideias libertarias, que na rádio falava destas coisas impossíveis e do nada todo um continente me escutou e esteve de acordo que eu tinha algo valioso a dizer.

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Então, para mim, estou muito agradecida com a vida porque é viver um sonho que eu nem sequer sonhava pois jamais pensei que era possível e, claro, como diz o filme do Spider Man, “com um grande poder vem uma grande responsabilidade”.

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Eu me sinto altamente responsável no papel que levo, estou dando o melhor de mim e trato de ser a melhor versão de mim mesma, ser autêntica e não mudar pelo o que as pessoas creem.

Gloria Alvarez palestra no Brasil (Foto: Reprodução/Facebook)

Boletim da Liberdade: Por que você decidiu fazer um vídeo deixando claro que não apoiava o Governo Bolsonaro, apesar de ele ser um grande aliado contra o Governo Maduro?

Gloria Álvarez: Os apoiadores do partido do Bolsonaro pegaram vídeos meus, sem autorização. Baixaram do Facebook e colocaram a marca do partido, começando a divulgar pelo Whatsapp e Facebook, dando a entender que eu apoiava o Bolsonaro. Depois disso, vi a necessidade em fazer um vídeo, dizendo que isso não havia sido com a minha autorização.

Boletim da Liberdade: Quais são hoje os maiores desafios do liberalismo na América Latina?

Gloria Álvarez: Eu acho que temos que ter um melhor marketing, uma comunicação simples, comunicar o liberalismo não apenas na plataforma da economia mas também da psicologia, da autoestima, da neurociência, da dignidade.

Precisamos entender que para as pessoas comprarem a ideia da liberdade, primeiro precisamos fazer uma reestruturação de como o populismo tem estragado a autoestima e a inteligência emocional das pessoas. Acredito que esse é um grande desafio.

E, o segundo [desafio] é que os liberais precisam tanto defender a liberdade econômica quanto a liberdade individual e não ficarem presos num discurso conservador e moralista. Acredito que, no século 21, com as atuais juventudes, não se trata mais de marxismo cultural.

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Boletim da Liberdade: Como você vê a situação da Venezuela? Defende uma intervenção armada por lá?

Gloria Álvarez: A situação da Venezuela é detestável e me dá muita vergonha. Especialmente quando me sento a falar com a elite venezuelana. Passo a entender o porquê de a Venezuela estar como está. É patético que os venezuelanos te digam “não, calma aí, o problema da Venezuela não é o socialismo e sim a corrupção”.

Só que o socialismo te leva para a corrupção e quando as elites universitárias e empresariais te respondem assim, é quando você entende que a Venezuela caiu nisso porque as suas elites abandonaram o campo das ideias. Isso é realmente vergonhoso e triste.

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Agora, o que eu faria com a Venezuela – e acredito que precise ser feito para que a ditadura morra – é a estrangulação diplomática e econômica.

Enquanto este continente de países hipócritas continua atendendo a embaixada venezuelana em seus países, seremos contribuintes do sangue derramado na Venezuela.

O primeiro ato, portanto, que eu faria [se eleita presidente] seria expulsar a embaixada dessa ditadura. Na Guatemala, já fui três vezes à porta da embaixada venezuelana para dizer que sejam expulsos – eu, a comunidade venezuelana, e os guatemaltecos que são conscientes disso.

Na Guatemala, já fui três vezes à porta da embaixada venezuelana para dizer que sejam expulsos – eu, a comunidade venezuelana, e os guatemaltecos que são conscientes disso.

Até que este continente não deixe de hipocrisias e siga tendo uma representação diplomática, seremos partícipes disso. E, o segundo ponto que faria é uma politica de migração de emergência, dando as boas vindas aos venezuelanos na Guatemala, para que venham a trabalhar em um processo migratório muito fácil, sem visto e obstáculos. E se um venezuelano quer ir a trabalhar por menos de salário mínimo, que seja bem-vindo também.

Dessa maneira estrangularemos essa ditadura, salva-se a população e, por último, deixaria de comprar petróleo. Pois enquanto estamos dando dinheiro, essa ditadura seguirá tendo vida. Fazendo todas essas coisas, para mim será irrelevante se haverá intervenção militar ou não. Absolutamente irrelevante.

Nicolás Maduro e Lula (Foto: Ricardo Stuckert/Instituto Lula)

Boletim da Liberdade: Se pudesse dar uma dica ao Presidente Jair Bolsonaro, qual seria?

Gloria Álvarez:  Pegue o livro A Lei, de Frédéric Bastiat, que ele postou uma foto no Instagram, e que não fique apenas numa foto, que ele leia e aplique.

Boletim da Liberdade: Por que as ideias liberais não são populares na América Latina?

Gloria Álvarez: Por que temos uma severa Síndrome de Estocolmo. Os latino-americanos são apaixonados pelos próprios sequestradores. Os latino-americanos não entendem e não há maneira que você consiga explicar que um governo que faz tudo, te rouba tudo.

Temos uma severa Síndrome de Estocolmo. Os latino-americanos são apaixonados pelos próprios sequestradores. Os latino-americanos não entendem e não há maneira que você consiga explicar que um governo que faz tudo, te rouba tudo.

Estão com nojo pois os governos são corruptos, os governos os decepcionam. É como essa síndrome da doença da esposa que o marido bate nela, depois a envia ao hospital, e a mulher alega “que é agredida por que é amada, que é maltratada pelo homem porque ele o ama“. Assim somos os latino-americanos com os nossos governos doentes.

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Jair Bolsonaro, quando deputado federal, posou segurando os livros “As Seis Lições” e “A Lei” (Foto: Reprodução/Facebook)

É como se nos roubassem pois querem o nosso bem. Como temos essa Síndrome de Estocolmo, seguimos com nojo de nosso governo, mas queremos que nossos governos sejam nossa babá, nosso médico, nosso contador, que seja tudo. Ou seja, um governo que faz tudo, rouba tudo.

Boletim da Liberdade: Quem você acha que é o político latino americano mais perto ao liberalismo? 

Gloria Álvarez: Talvez Daniel Raisbeck, que foi candidato a prefeito libertário na cidade de Bogotá (Colômbia). Também Antonella Marty, que esteve acompanhando o projeto presidencial do Mauricio Macri (Presidente da Argentina) e até que saiu pois se deu conta que não era aquilo. Tem alguns jovens políticos libertários que entraram no jogo, mas presidentes nenhum.

Boletim da Liberdade: Você acha possível a saída de Maduro este ano?

Gloria Álvarez: Não sei, teria que tirar a bola de cristal para saber o que diz o futuro. Mas realmente não sei.

Boletim da Liberdade: Por que os comunistas/socialistas parecem nunca descansar e os de direita sempre param, ao conquistar o que desejam?

Gloria Álvarez: Quando se tem mentalidade coletivista, é mais fácil manter a manada junta. Nós somos individualistas, antes de tudo vivemos uma vida para ter qualidade de vida, o que faz ser muito difícil juntar indivíduos.

Boletim da Liberdade: Para terminar, pois o tempo já se acabou, gostaria de saber o que achou deste presente (uma placa de rua, indicando ser a Rua Gloria Álvarez)?

Gloria Álvarez: Adorei. Foi um dos presentes mais lindos que ganhei nos últimos dez anos!

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