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“Ativismo é o coração da mudança”, diz Estela Martínez sobre programa do LOLA

A gestora do programa María Oropeza Activism Fellowship fala sobre os objetivos do LOLA
Estela Martinez, gestora do programa de ativismo do LOLA

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Ao mesmo tempo em que ataques às liberdades crescem em todo o mundo, o Ladies of Liberty Alliance (LOLA) se dedica a ampliar o número de defensoras da liberdade. Com o objetivo de formar líderes e ativistas nasceu o programa María Oropeza Activism Fellowship. O Boletim conversou com Estela Martínez, cientista política e gestora do projeto. Confira a entrevista na íntegra.

Boletim: Qual é a principal missão do programa de ativismo do LOLA, e como ele se diferencia de outros programas semelhantes na América Latina?

Estela: A principal missão do programa de ativismo do LOLA é treinar, apoiar e capacitar ativistas mulheres dentro do movimento pela liberdade. Esse fellowship se diferencia de outros programas porque não existem programas específicos de fellowship para ativistas libertários. Se existem programas de fellowship para ativistas, eles geralmente têm uma abordagem mais à esquerda, e se existem programas para libertários, eles não são focados em ativismo, mas em outras áreas. Isso cria uma lacuna, pois não há programas de liberdade dedicados a treinar e apoiar ativistas.

Além disso, o programa se diferencia de outros em dois aspectos principais. Primeiro, ele enfatiza o apoio personalizado, adaptando recursos e assistência para atender às necessidades e objetivos específicos de cada ativista. Em segundo lugar, enquanto a maioria dos programas de fellowship prioriza objetivos de aprendizagem sem um foco forte em ação, o programa LOLA integra ambos. As participantes não apenas aprendem, mas também são incentivadas a agir e criar impacto real durante a duração de seis meses do programa.

Boletim: Qual impacto você espera alcançar com as participantes do programa? Você poderia compartilhar um exemplo de mudança ou progresso significativo que você observou até agora?

Estela: Nosso objetivo é alcançar três resultados principais com as participantes do programa. Primeiro, queremos que cada ativista amplifique seu impacto no ativismo. Segundo, buscamos garantir que as ativistas se sintam apoiadas, pois muitas vezes faltam apoio significativo e baseado nas necessidades. Nosso objetivo é fornecer assistência personalizada que atenda às suas necessidades específicas, para que elas realmente sintam que estão sendo apoiadas em seus esforços. Por fim, queremos que cada ativista identifique metas claras e específicas que as ajudem a se concentrar e alcançar mais. Com um plano estratégico e a orientação da nossa equipe, elas podem trabalhar de forma eficaz em direção aos seus objetivos.

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No final, esperamos expandir o movimento pela liberdade globalmente, treinando ativistas eficazes que criem mudanças tangíveis a favor da liberdade em todo o mundo.

Um exemplo significativo de progresso é que todas as participantes do programa conseguiram identificar e definir suas metas com clareza, o que lhes permitiu produzir resultados extraordinários. Além disso, com base no feedback mais recente, 100% das participantes relataram sentir-se apoiadas em seu ativismo devido ao programa. Adicionalmente, 100% também afirmaram que o treinamento, a orientação e o suporte fornecidos contribuíram diretamente para aumentar o impacto do seu ativismo.

Boletim: Com sua experiência em ativismo, quais você considera os principais desafios enfrentados pelos ativistas na América?

Estela: Os principais desafios dependem da região. Quando falamos sobre a América, temos a América Latina, os EUA e o Canadá. Eu estou mais familiarizada com os desafios na América Latina, onde a segurança é, sem dúvida, o maior problema.

Na América Latina, a insegurança é uma grande preocupação. Ativistas frequentemente enfrentam assédio, ameaças de morte, ameaças de estupro ou ataques físicos por se manifestarem sobre determinados assuntos. Eles também encontram violência tanto do Estado quanto do crime organizado. A violência do Estado pode se manifestar de várias formas, incluindo danos físicos, prisão, desaparecimentos forçados ou sabotagem econômica, como o congelamento de suas contas bancárias. Essas ameaças criam um ambiente profundamente inseguro para o ativismo.

No entanto, existem três desafios principais que os ativistas enfrentam em toda a América Latina, EUA e Canadá, apesar das diferenças regionais:

  1. Esgotamento: Muitos ativistas ou enfrentam o esgotamento ou estão à beira dele. Abordar isso é crucial para sustentar seu trabalho e bem-estar.
  2. Dificuldades financeiras: Muitos ativistas carecem de apoio financeiro suficiente ou enfrentam instabilidade financeira. É importante treinar os ativistas em captação de recursos e ajudá-los a canalizar seus esforços em gerar uma renda sustentável, permitindo que continuem seu trabalho sem colocar sua saúde financeira em risco.
  3. Falta de metas e planos claros e mensuráveis: Na minha experiência, muitos ativistas não têm objetivos específicos e mensuráveis. Isso torna difícil para eles trabalhar de forma eficiente, focar sua energia e entender seu progresso. Sem metas claras, fica mais difícil celebrar as conquistas ou medir o impacto, o que pode reduzir a motivação e limitar sua eficácia geral.

Esses desafios destacam a necessidade de mais sistemas de apoio que abordem segurança, estabilidade financeira e planejamento estratégico no ativismo.

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Boletim: Como as participantes são selecionadas para o programa, e quais qualidades você procurou nelas?

Estela: As participantes foram selecionadas por meio de um processo em duas etapas. O processo de inscrição foi projetado para identificar as principais ativistas mulheres pela liberdade nas Américas, que atendiam a critérios específicos. Procuramos pessoas com mais de um ano de experiência em ativismo, que estivessem fazendo ativismo pela liberdade, fossem fluentes em inglês e demonstrassem um compromisso claro de levar seu ativismo para o próximo nível.

As participantes vieram de diferentes origens, incluindo candidatas políticas, estrategistas de campanha, jornalistas, organizadoras comunitárias, empresárias que buscam inovar em seus setores, especialistas em políticas públicas e profissionais de relações internacionais. Apesar de seus perfis variados, todas compartilhavam certas qualidades essenciais: um histórico comprovado de conquistas que mostraram não apenas seu desejo de criar mudanças, mas também sua capacidade de fazer isso. Seus sucessos — ou até mesmo seus esforços persistentes — demonstraram dedicação, experiência e excelência em seus respectivos campos, o que as destacou como as melhores no que fazem.

Boletim: Como o programa é estruturado para combinar teoria e prática, e quais habilidades práticas as participantes levam para suas atividades?

Estela: O programa é estruturado com múltiplos espaços, cada um projetado para servir a um propósito específico — alguns focados em aprendizado e outros em apoio personalizado, adaptado às necessidades das ativistas. Esses espaços são projetados para garantir que cada participante tenha metas claras e que possamos medir continuamente seu sucesso ou identificar áreas para melhoria.

Um espaço chave são as sessões de treinamento, que são predominantemente focadas em aprendizado. No entanto, o conteúdo educacional vai além da teoria. Trazemos especialistas que combinam teoria com experiência prática, oferecendo dicas e insights aplicáveis que as participantes podem usar imediatamente em seus esforços de ativismo.

Outro espaço é o clube de leitura, que é centrado no aprendizado teórico. Aqui, as ativistas se envolvem com autores clássicos e princípios da liberdade, desafiando ideias preconcebidas e aprofundando sua compreensão desses conceitos. As sessões não se limitam a leituras, mas também incluem discussões e debates. Essas atividades ajudam as participantes a desenvolver habilidades práticas como falar em público, argumentação, persuasão e contar histórias.

Além disso, o programa inclui um espaço de cocriação, onde as participantes apresentam seus projetos em andamento. Os fellows e facilitadores oferecem suporte e feedback personalizados, ajudando-as a refinar seu trabalho e aplicar seus aprendizados em tempo real.

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Finalmente, as participantes têm sessões individuais com especialistas que oferecem orientação personalizada. Esses especialistas não apenas as educam sobre tópicos-chave, mas também garantem que elas permaneçam focadas em suas metas, trabalhando consistentemente para resultados mensuráveis durante os seis meses de duração do programa.

Ao estruturar o programa com esses espaços variados, garantimos um equilíbrio entre teoria e prática. O design é informado por pesquisa e experiência, focando nas necessidades das ativistas — não apenas como profissionais, mas como indivíduos. Cada componente enfatiza suas metas específicas, tornando mais fácil integrar o conhecimento teórico com a aplicação prática.

As participantes adquirem habilidades práticas em ativismo estratégico, mídia, redes sociais, captação de recursos, networking, segurança, autocuidado, fala em público e muito mais. Cada módulo é projetado para equipá-las com ferramentas e conhecimentos que aumentam diretamente o impacto de seu ativismo.

Boletim: Você poderia compartilhar uma história ou exemplo de uma participante cujo progresso a surpreendeu ou inspirou particularmente?

Estela: Não vou destacar uma única participante, pois cada uma delas fez progressos que me inspiram e surpreendem diariamente. A dedicação e o crescimento delas constantemente me lembram do incrível potencial que cada ativista tem para criar mudanças significativas.

Boletim: Qual é a sua visão de longo prazo para o programa de ativismo do LOLA, e quais passos você acha que precisam ser dados para alcançar essa visão?

Estela: Minha visão de longo prazo é que o programa de ativismo do LOLA se torne a principal organização de treinamento de ativistas, reconhecida pelos seus resultados comprovados em aumentar o impacto mensurável das ativistas que treina. Quero que seja um espaço onde as ativistas encontrem o apoio necessário para criar mudanças significativas em suas comunidades. Acredito que o ativismo é o coração da mudança, e os ativistas são a voz e a ação que impulsionam a transformação.

Minha visão é que o programa treine, apoie e capacite eficazmente as ativistas, enquanto constrói uma rede global de indivíduos habilidosos e estratégicos que trabalhem juntos para alcançar mudanças duradouras a favor da liberdade. Para realizar essa visão, o programa precisa continuar refinando seus métodos, garantindo apoio personalizado e resultados mensuráveis, e promovendo a colaboração entre as ativistas para amplificar seu impacto globalmente.

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