Não existirá Salvador da Pátria para 2022 - Coluna

Não existirá Salvador da Pátria para 2022

22.02.2022 04:24

Esses dias saí para jantar em um bem avaliado restaurante da Avenida Anchieta, aqui na minha São José dos Campos/SP. Era uma noite quente de sábado e eu queria agradar a patroa, sempre interessada em bons restaurantes.

À certa altura da noite, pensei ter exagerado no vinho quando mirei há poucos metros da minha mesa um conhecido sindicalista da cidade. Era Toninho Ferreira, do PSTU, conhecido por ter disputado dezenas de eleições, inclusive para o Governo de SP, e jamais ter vencido qualquer uma delas.

O chiste veio pronto, é aquele clássico. A velha piada do comunista valendo-se das benesses do capitalismo. Na Venezuela, defendida por estes, as pessoas já não vão à restaurantes, quando muito podem jantar.

Pois bem. Feita essa diferenciação, há de se convir que o PSTU guarda certa coerência em alguns aspectos. De tendência marxista-leninista-trotskista, estão sempre em oposição ao governo de ocasião, isto é, ao governo de turno da democracia burguesa. Por conta disso o “Fora Todos” sempre foi a tônica de suas manifestações.

Guarda certa semelhança, talvez, com o “Nem Lula, nem Bolsonaro”, ou mais ainda com aqueles que, além destes dois, ainda rejeitam Moro, Ciro e sabe-se lá mais quem.

Ora, mas estarão todos estes errados em rejeitar os principais nomes, postos até então? Talvez entre Toninho e eu, haja mais coisa em comum do que o restaurante de sábado e jamais admitamos.

Certo é que, marxismo-leninismo-trotskismo à parte, eu como liberal comungo com eles desta completa frustração pela sub-representação das ideias que defendo quando me deparo com a realidade de nossos políticos. O mal do século, o populismo, que ergue autocratas ao Poder e fez da Argentina, até então a 10a maior economia do mundo, uma Nação em constante crise, persiste em nos assombrar.

Jânio, um demagogo aventureiro, eleito com um discurso meramente populista endossado pelos partidos e líderes da então direita brasileira, nos legou com sua irresponsabilidade o Regime Militar. Lula nos legou Bolsonaro. Bolsonaro nos legará a volta de Lula ou, ainda, algo pior: o imprevisível.

Sejamos francos, portanto: nossa opção contra o populismo tem sido mais populismo. Ou outro populismo. Não há quem chame o povo à reflexão responsável da construção do futuro, todos querem a emergência da próxima eleição. Não há quem trate da importância de, reformar, sim, mas também de preservar e fortalecer as nossas instituições. Não há, ainda, um discurso francamente liberalista, que ponha o ‘bode na sala’, aponte o dedo às nossas elites e lhes diga a verdade, nua e crua.

E irá quebrar porque é simplesmente insustentável para qualquer país um longo ciclo populista, o qual se apresenta na sucessão presidencial deste ano, até mesmo por quem se diz opção ao bolsolulismo.

Eu teria dito tudo isso ao Toninho, mas decidi pagar a conta — com dor no coração — e partir para o meu lar. Nestas noites quentes, fico propenso às mais diversas divagações.

FALE COM O BOLETIM

Jornalismo: jornalismo@boletimdaliberdade.com.br

Comercial: comercial@boletimdaliberdade.com.br

Jurídico: juridico@boletimdaliberdade.com.br

Assinatura: assinatura@boletimdaliberdade.com.br