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Educar para empreender

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*Nicola Helayel

A desigualdade social no país é histórica e a realidade sempre foi muito dura com os mais pobres. Sob o aspecto educacional, o acesso a um ensino de qualidade é privilégio de uma minoria, mas, durante a pandemia, a aprendizagem se tornou um artigo de luxo. E isso terá impacto na vida financeira desses brasileiros, uma vez que qualificação e renda estão ligados. Por isso, ser criança e jovem no nosso país não é uma tarefa das mais fáceis e requer resiliência diante dos números.

Recentemente, conforme noticiado pelo colunista Ancelmo Gois, do jornal O Globo, os jovens foram os que mais sofreram com a perda de renda nos últimos seis anos. De acordo com dados levantados pela Fundação Getúlio Vargas, as pessoas entre 20 e 24 anos viram seus ganhos caírem 27%. Um número bem acima da redução de 8,4% da média da população em geral. Quando o recorte é feito para calcular a perda entre os jovens mais pobres, esse número salta para 42%.

E essa queda tende a se acentuar nos próximos anos. Segundo uma análise do Fundo Monetário Internacional (FMI), especialistas preveem que os estudantes que têm de 10 a 19 anos pagarão um preço pela ausência nas escolas em virtude do coronavírus. Os números dão conta de que a renda futura poderá sofrer uma redução de 8% pelas aulas perdidas em 2020 que não forem compensadas. A estimativa é o dobro da América Latina e Caribe, cujos cálculos indicam 4% de perda ao longo de suas vidas.

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O quanto uma pessoa recebe por seu trabalho na fase adulta está diretamente ligado à capacitação profissional, e as famílias mais pobres sabem a importância da educação como meio de mobilidade social. Mas, se antes da crise sanitária essa parcela da população já esbarrava em barreiras socioeconômicas para proporcionar um estudo de qualidade para os filhos, o fosso entre estudantes ricos e pobres tende a aumentar. O ensino remoto foi incorporado à rotina escolar a fim de não prejudicar os estudos, mas, na prática, essa modalidade requer aparelhos eletrônicos e pacote de dados para acesso à internet, itens necessários que milhões de famílias não têm como adquirir. Pelo menos enquanto durar a pandemia.

As crianças e adolescentes de escolas privadas estudaram por um período de tempo maior do que os alunos da rede pública e esses números se refletirão na busca por uma vaga de emprego no mercado de trabalho. Segundo estudo da FGV Social, em agosto do ano passado, os alunos mais pobres na faixa entre 6 e 15 anos foram os que menos frequentaram a escola, menos receberam atividades escolares, menos se dedicaram para a realização das tarefas e gastaram menos tempo estudando.

A UNICEF e o Centro de Estudos e Pesquisas em Educação e Ações Comunitárias (CENPEC) divulgaram um relatório sobre os impactos da pandemia da COVID-19 na educação, e os números chamam atenção para o problema das crianças e adolescentes. Em 2019, o Brasil tinha 1,1 milhão de estudantes , a maioria formada por crianças de 4 e 5 anos e adolescentes de 15 a 17 anos, fora da escola. No ano passado, o número saltou para mais de 5 milhões de alunos de 6 a 17 anos sem acesso à educação no país. Esse número também contabiliza aqueles que estavam matriculados, mas tinham menos condições de aprender estudando em casa.

A pandemia de pano de fundo, por mais difícil que seja, pode ser interpretada como uma oportunidade para o aprimoramento e criação de políticas públicas que venham combater a desigualdade e estimular o empreendedorismo. Afinal de contas, ser empreendedor, segundo o dicionário Michaelis, é aquele “que se lança à realização de coisas difíceis ou fora do comum; ativo, arrojado, dinâmico”. Esse deverá ser o perfil de quem quer um futuro que contrarie todas as estatísticas.

*Nicola Helayel é jornalista pela Anhanguera e pós-graduada em Comunicação Pública pela Unyleya. Assessora de imprensa com passagem pelas Prefeituras do Rio de Janeiro e Itaboraí, também é formada em administração pelo IBMEC. Cursou especialização em mercado financeiro na ANBIMA. Gosta de ler sobre política e economia. 

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Aviso

As opiniões contidas nos artigos nem sempre representam as posições editoriais do Boletim da Liberdade, tampouco de seus editores.

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