O xadrez para 2022 - Coluna Jefferson Viana

O xadrez para 2022

11.08.2021 05:00

As turbinas começam a se aquecer para as eleições presidenciais de 2022. Os partidos políticos e seus comandos começam a montar os planejamentos para o pleito rumo ao Palácio do Planalto, começando a dar sinais de seus caminhos para o que será realizado em termos de articulação política definindo os rumos para as campanhas.

O PT, ao que tudo indica, lançará o ex-presidente e ex-presidiário Luiz Inácio Lula da Silva apelando para um suposto passado glorioso dos governos petistas entre 2003 e 2016 para amealhar votos. Entretanto, a legenda petista vive um desgaste com os inúmeros casos de corrupção do passado, além do distanciamento do eleitorado evangélico.

Se, em 2002, o apoio de pastores como Edir Macedo ajudou Lula a derrotar José Serra (PSDB), desde o impeachment de Dilma Rousseff e, principalmente, durante a eleição de 2018, a radicalização do discurso socialista visando o eleitorado mais jovem e abraçando pautas como a legalização do aborto, a linguagem neutra, a relatização de valores familiares e a defesa da legalização das drogas fez com que os protestantes se afastassem de candidatos petistas.

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Além disso, a má propaganda que vem de nações ditas amigas de parlamentares petistas como Cuba, Argentina e Venezuela, com perseguição de opositores, desabastecimento e crises de carestia acabam sendo uma espécie de “elefante na sala” para o comando do Partido dos Trabalhadores, que aposta no desgaste permanente do presidente Jair Bolsonaro para viabilizar seu retorno ao poder.

Outros nomes tentam se cacifar politicamente: Ciro Gomes visa se apresentar como uma opção de esquerda dissonante do petismo e vem estruturando seu partido, o PDT, para garantir espaço de campanha nos estados; o PSDB assiste a uma disputa interna entre João Doria, Eduardo Leite, Tasso Jereissati e Arthur Virgílio Neto em busca da indicação nas prévias a serem realizadas; o NOVO, após João Amoêdo retirar sua candidatura contra sua vontade, ainda procura uma nova opção.

Além desses nomes, Jair Bolsonaro, ao que tudo indica, concorrerá à reeleição presidencial. Embora seja alvo de críticas por algumas de suas posturas, o presidente da República conta com apoio firme em parte da sociedade, como se é visto em manifestações de rua realizadas por todo o país.

Além disso, desde que a reeleição foi instaurada no Brasil, a começar pela eleição de 1998, todos os presidentes alcançaram novo mandato mesmo com cenários adversos: FHC, com os problemas cambiais que ameaçavam o Plano Real; Lula, com o desenrolar do mensalão; e Dilma Rousseff, mesmo com o início da derrocada econômica e das prisões ocasionadas pela operação Lava Jato.

Outro ponto a ser citado neste panorama são as articulações realizadas por Bolsonaro pensando em 2022: embora ainda não tenha se filiado a uma nova legenda após deixar o PSL no fim de 2019, o capitão da reserva do Exército vem traçando bons palanques, sobretudo no Nordeste, região que concedeu em 2018 altas votações para Fernando Haddad, do PT.

Em estados como Alagoas, Pernambuco, Paraíba, Ceará e Rio Grande do Norte, nomes ligados ao Planalto deverão concorrer aos governos estaduais. Entre eles, o presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP), em Alagoas; do prefeito de Petrolina, Miguel Coelho (MDB), em Pernambuco; do ex-prefeito de Campina Grande, Romero Rodrigues (PSD), na Paraíba; do ministro das Comunicações, Fábio Faria (PSD), no Rio Grande do Norte; e do deputado federal Capitão Wagner (PROS), no Ceará.

O apoio em setores religiosos também é uma das cartas na manga de Bolsonaro. Pesquisa apresentada recentemente pelo site Poder360 mostra que Bolsonaro mantém boa aprovação de seu mandato no segmento evangélico. Este apoio se fortaleceu ainda mais após a indicação de André Mendonça ao Supremo Tribunal Federal, cumprindo uma promessa de campanha na indicação de um ministro evangélico.

Thomas Traumann, secretário de comunicação social durante o Governo Dilma, apontou em sua coluna na revista “Veja” que o volume de obras realizadas pelo Governo Federal em pastas como o Desenvolvimento Regional e Infraestrutura podem também dar um peso ao eleitor na escolha de seu presidenciável.

Ainda que Jair Bolsonaro sofra com diversas críticas e algumas delas até merecidas, seu nome não pode ser dispensado como opção para voto por parte do segmento eleitoral pró-liberdade, principalmente por vitórias liberais em sua gestão. Entre elas, a privatização dos Correios e da Eletrobras, a abertura do mercado aéreo nacional, a nova legislação do setor de gás, o marco geral do saneamento e a reforma previdenciária.

Em um cenário onde a tentativa de se apresentar uma terceira via fica cada vez mais difícil e onde a esquerda marxista mantém certa força, Jair Bolsonaro pode ser o nome para manter uma agenda reformista.

Foto: Fabio Rodrigues Pozzebom/Agência Brasil

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