Eterna vigilância - Coluna

Eterna vigilância

09.12.2021 10:17

*José Pedro Gomes

Quantas coisas pensamos, ao longo do dia, que temos certo receio em externalizar por medo de como seremos vistos pelos outros? E se aquilo que pensamos fosse vigiado e controlado pelo Estado? George Orwell, na obra 1984, publicada na década de 1940, mostra um pouco sobre como seria um futuro em que a população fosse totalmente controlada por seus governantes.

A crítica de Orwell vai muito além dos pensamentos. Além de 1984, também utilizou-se da obra A Revolução dos Bichos para fazer uma crítica aos governos totalitaristas. Apesar da época em que foram escritos, aquilo abordado pelo autor parece ter sido uma previsão de nossa atualidade.

Recentes notícias vindas de alguns países da Ásia nos fazem perceber a importância da liberdade. Na Coreia do Norte, segundo a Radio Free Asia, jovens foram condenados à morte e/ou prisão perpétua por traficarem e assistirem ao novo sucesso da Netflix Round 6, série produzida na vizinha Coreia do Sul. Além disso, professores, supostos responsáveis por “autorizar” os jovens a assistir à série, demitidos e isolados da sociedade para trabalho em minas, tudo isso baseado em uma lei aprovada em 2020 que tem como intuito a “eliminação de pensamento e cultura reacionários”.

Enquanto isso, em pouco menos de um ano, tivemos casos de grandes figuras públicas, como Jack Ma, cofundador do Alibaba, que ficou desaparecido por três meses após fortes críticas ao governo chinês. O mesmo ocorreu com a tenista Peng Shuai, que acusou o antigo vice-primeiro-ministro chinês Zhang Gaoli de agressão sexual, e cujo paradeiro também ficou desconhecido por alguns dias.

Casos como esses são ouvidos aos montes, em especial vindos de países governados pelo regime comunista, com controle totalitário. O controle do pensamento, como sugerido por Orwell, ainda não existe, mas as chamadas “teletelas”, ferramentas que escutam e vigiam a tudo e todos, estão espalhadas por nossa sociedade. Nossos dados estão cada vez mais expostos.

É importante que saibamos usar as informações que temos e que cedemos. Governos com controle sobre informações, utilizando-as para dominância, podem criar manobras de repressão. Pensando nisso, precisamos estar sempre vigilantes ao controle do Estado. Estados centralizados detêm o poder, e consequentemente o controle sobre a população se torna mais simples. A liberdade, seja da mídia, seja de expressão, é uma das maiores virtudes de nossa sociedade, e precisa ser valorizada. Afinal, como dito pelo francês Voltaire, “Discordo do que você diz, mas defenderei até a morte seu direito de dizê-lo”.

*José Pedro Gomes é associado do IEE.


Foto: Geralt/Pixabay

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