O serviço público não é uma jornada de ascensão salarial - Coluna

O serviço público não é uma jornada de ascensão salarial

04.04.2022 02:54

O serviço público brasileiro tem natureza completamente desfigurada. Ao invés de ser instrumento para a satisfação do interesse público, ele é, na verdade, uma oportunidade de ascensão social permanente. 

Num país de tradição estatista é realmente difícil que não se pense assim. 

No Índice de Liberdade Econômica da Heritage Foundation, dos 178 países avaliados, o Brasil ocupa a posição 143. Estamos atrás, por exemplo, do Paraguai e Uruguai. Nesse cenário de falta de liberdade econômica e de desestímulo ao empreendedorismo, o serviço público é visto por muitos brasileiros como a única alternativa de emprego. 

Além disso, dependendo da esfera de governo, o salário do serviço público chega a ser 90% mais alto que o mesmo cargo na iniciativa privada, além de todos os privilégios do cargo. 

Segundo dados do Tesouro Nacional, o Brasil tem o 7º maior gasto do mundo com despesas com servidores públicos. Gastamos mais que Estados Unidos e Alemanha! Ao mesmo tempo, estamos em último lugar no ranking que avalia o retorno dos nossos impostos.

Isso acontece porque ingressar no serviço público é um fim em si mesmo. Não existem incentivos para retornar bons serviços para a sociedade. Depois que se está lá dentro as discussões giram em torno da “valorização da carreira” e do “bem-estar do servidor”. O pagador de impostos é um mero segurador do que se poderia chamar de alpinismo social. 

É o que se pode concluir dessas desavergonhadas mobilizações de diversas categorias do serviço público por reajustes salariais. 

Em um país em que 90% dos brasileiros têm renda mensal inferior a R$ 3.500,00 e 70% ganham até dois salários-mínimos, testemunhar quem faz parte dos 10% mais ricos espernear por reajuste salarial deveria ser apenas um devaneio. Mas, não. É a mais pura realidade. 

O teto da magistratura é de R$ 39.000, mas para a Associação dos Magistrados Brasileiros isso está longe de ser o suficiente. Querem um reajuste do teto para R$ 54.800,00. 

Na esteira da pérfida lamúria, a presidente da Associação dos Magistrados da Bahia afirmou que a categoria está “empobrecida” e na “penúria”. De acordo com dados publicados pela Gazeta do Povo, em dezembro de 2020 (primeiro ano da pandemia!) a referida magistrada recebeu R$ 84,1 mil. Líquido!

Auditores da Receita Federal recebem salários que variam de R$ 21.000,00 a R$ 31.000,00 e eles também estão buscando reajuste. 

A greve dos servidores do Banco Central é pelo reajuste de salários que variam de R$ 7.500 a R$ 27.000,00. Realmente, uma bagatela!

A atmosfera em que vive a elite do funcionalismo público não deve ser a mesma do cidadão de segunda categoria, o pagador de impostos. Ela embriaga e leva as pessoas para uma outra realidade. Só pode.

O serviço público não gera riqueza e todo valor dispendido com salários e penduricalhos é custeado pelos pagadores de impostos. É uma verdadeira transferência de renda dos mais pobres para os mais ricos.

Aqui sim estamos diante do jogo de soma zero! Não tem como dar aumento para servidor público sem meter a mão no bolso do cidadão. 

Não é errado querer ganhar mais. É da natureza do ser humano sempre querer melhorar suas condições. O problema está em querer fazer isso às custas dos demais!

Na iniciativa privada, quando se está insatisfeito com o salário e não se recebe o aumento desejado, uma opção é procurar outro emprego. Já no serviço público existe uma alternativa muito mais certeira: fazer a sociedade de refém da paralisação das atividades para conseguir o aumento! 

Por que será que sair distribuindo currículo nunca é opção?  

O caminho da prosperidade não deveria ser trilhado em quadros de carreira ou tempo de serviço no cargo público. Por mais que pareça, o serviço público não é uma jornada de ascensão salarial! 

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