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O limbo democrata no caucus de Iowa

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No próximo dia 3 de Fevereiro acontecerá o caucus de Iowa e, tradicionalmente, o resultado neste estado é o “termômetro” que direciona como os filiados do Partido Democrata se posicionarão nacionalmente. Foi a vitória no caucus de Iowa em 2008 que consolidou o apoio dos eleitores afro-americanos a Barack Obama, fazendo com que ele conquistasse sua indicação na Convenção Nacional Democrata e por fim se tornasse o 44º presidente dos Estados Unidos. Já em 2016, Hillary Clinton venceu Bernie Sanders em Iowa por uma diferença de apenas 0,3 pontos percentuais. No Partido Republicano a vitória em 2016 foi do senador Ted Cruz, com 28% dos votos, mas Donald Trump se articulou o suficiente em outros estados e conseguiu a indicação nacional.

O grande diferencial no sistema de votação por caucus é que os eleitores não entram em cabines e colocam os seus votos em uma urna, mas se reúnem em escolas, centros comunitários e outros locais de cada distrito do estado, com objetivo de discutir as propostas e declarar publicamente o voto no seu candidato. Mesmo assim, vale lembrar que o voto é indireto, pois na verdade são os delegados regionais do partido que determinam o vencedor final, apesar de geralmente levarem em consideração os votos da escolha popular.

A dinâmica do caucus de Iowa funciona da seguinte forma:

Na primeira contagem, os candidatos com menos de 15% do apoio popular são eliminados da disputa e seus eleitores tem a opção de migrar para uma segunda opção de candidato “viável”, ou simplesmente se abster. Existe, também, a possibilidade dos eleitores do grupo “não-viável” convencer outros eleitores de grupos “não viáveis” a se unirem, para assim chegar no mínimo de 15%. Sim, tudo isso no dia da eleição, ali na hora mesmo!

Na contagem final, todos os candidatos “viáveis” recebem de pronto pelo menos um delegado. Quanto mais eleitores num grupo, mais delegados o candidato recebe. Por fim, o partido soma e nomeia os delegados ganhos por candidato em cada caucus do estado e são esses que os representarão na Convenção Nacional do Partido Democrata, com a função de convencer os outros delegados e super-delegados a indicar sua escolha. A Convenção Nacional deste ano acontecerá dos dias 13 a 16 de Julho, na cidade de Milwaukee, Wisconsin.

O grande diferencial no sistema de votação por caucus é que os eleitores não entram em cabines e colocam os seus votos em uma urna, mas se reúnem em escolas, centros comunitários e outros locais de cada distrito do estado, com objetivo de discutir as propostas e declarar publicamente o voto no seu candidato

Muitos eleitores americanos são críticos ferrenhos dessa metodologia de votação, dado que o voto nos Estados Unidos não é obrigatório e as votações geralmente ocorrem em dias úteis, limitando a participação de pessoas que trabalham, estão debilitadas fisicamente ou simplesmente não estão mesmo a fim de espargir seu tempo nesse imbróglio todo.

Como solução, os dirigentes democratas optaram por inovar este ano com os “caucus satélite”, espalhados ao redor do país e até no exterior, possibilitando assim que cidadãos comprovadamente registrados como eleitores no estado de Iowa possam declarar seu voto e participar da reunião à distância. Eu sei, é mais difícil que entender as regras da NFL.

Em contrapartida, outros eleitores defendem que a votação por caucus é a melhor forma de debater os desejos de cada eleitor, bem como as propostas de cada candidato, tornando o processo democrático ideologicamente e abrindo espaço para que candidatos como Sanders, mais extremista, tenham voz dentro do partido. Em 2020, a regional democrata de Iowa definiu que tornará público também os votos brutos de cada candidato, com objetivo de aumentar ainda mais a transparência.

Até o momento, de acordo com pesquisa publicada no dia 24 de Janeiro pelo The New York Times, Bernie Sanders é o favorito no estado, com 25% das intenções – posição de liderança antes ocupada pelo ex-vice presidente Joe Biden. A última pesquisa entre os eleitores de Iowa será divulgada pela CNN, no dia 02 de Fevereiro, às vésperas da votação. A volatilidade e indefinição de quem será o vencedor em Iowa é notória se analisarmos a média do mês, com empates técnicos se mantendo e a liderança oscilando entre dois candidatos.

Vale aqui lembrar que, apesar das pesquisas refletirem a preferência inicial dos eleitores, a dinâmica da votação por “caucus” pode surpreender no resultado final, dado que a segunda escolha dos eleitores com candidatos “não-viáveis” tem o poder de virar o jogo. Sanders que não cante vitória antes da hora.

Aviso

As opiniões contidas nos artigos nem sempre representam as posições editoriais do Boletim da Liberdade, tampouco de seus editores.

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