Por Guilherme S. Esparza*
Não é novidade que as esquerdas progressista e revolucionária adorem mostrar virtudes, sendo uma delas a preocupação com os menos favorecidos e a busca pela justiça social. No entanto, quando a realidade é escancarada, estas virtudes acabam se tornando ilusórias, e estas esquerdas acabam cedendo o espaço da racionalidade para a irracionalidade, principalmente quando o pobre passa a se identificar com a direita, tanto nos aspectos econômicos como sociais.
Ironicamente, a esquerda que se diz defensora dos menos favorecidos, é a mesma que parte para o ataque quando estes ousam questionar suas ideologias e ideais. A arrogância moral e intelectual é vista desde as bolhas acadêmicas engessadas dos cursos de humanas das universidades públicas até influencers e youtubers com viés revolucionário que dizem educar, politizar e emancipar a classe trabalhadora para uma revolução socialista.
E este ódio torna-se mais explícito durante épocas eleitorais. Para a esquerda, o pobre “consciente” é aquele que vota nos partidos de esquerda. Afinal, estes partidos “virtuosos” são solidários e altruístas com o povo por defenderem pautas como igualdade social e a melhoria da qualidade de vida. Porém, caso o pobre vote em candidatos e partidos de centro, de direita ou até mesmo nulo, este é considerado um traidor de sua classe, merecendo sofrer todas as punições e cancelamentos possíveis. E como exemplo, pegarei o resultado das eleições que ocorreram neste ano de 2024, tanto no Brasil como nos Estados Unidos.
No Brasil, a esquerda pregava Guilherme Boulos, do PSOL, como sendo o candidato do povo, aquele que representava a esperança e faria com que São Paulo se tornasse uma cidade com padrão de vida norueguês; enquanto seu oponente, Ricardo Nunes, era a representação da classe elitista. No entanto, com a vitória esmagadora de Ricardo Nunes, inclusive nos bairros periféricos considerados redutos de Boulos, a esquerda não soube lidar com o choque de realidade, e preferiu atacar os cidadãos menos favorecidos da periferia paulistana de todas as formas e xingamentos nas redes sociais.
Nos Estados Unidos, com a vitória de Donald Trump, tanto no Colégio Eleitoral como no voto popular, a esquerda de lá optou por atacar de forma impiedosa imigrantes latinos, negros LGBTs e mulheres que ousaram declararar apoio a Trump. Alegando que estes estariam indo contra suas respectivas classes e contra as ideologias progressistas que discursam por “um mundo melhor mais justo” a eles. Ao final, levaram outro choque de realidade, e partiram para o ataque e para o cancelamento.
Logo, para a esquerda, pessoas menos favorecidas, assim como aquelas que pertencem às minorias sociais, não são autônomas. Afinal, o Estado “sabe” o que é o melhor para o povo, porque é apenas o Estado que oferece Bolsa Família, restaurante popular, educação, saúde e aposentadoria, enquanto o empreendedor/empresário é apenas um malvado egoísta que visa o seu próprio lucro em detrimento de sua exploração. No entanto, não reconhecem que forçam o próprio povo a uma vida de cidadania tutelada, principalmente por meio do pagamento de impostos cada vez mais altos, com serviços públicos de baixa qualidade e a cumprirem leis questionáveis.
E ao final de tudo, a reação do pobre não poderia ser outra: Desprezo. Temas como veganismo, racismo ambiental, questões de gênero e revolução socialista tornam-se piadas, visto que a própria esquerda não consegue perceber que sua bolha ideológica não condiz com a realidade da classe trabalhadora que tanto diz defender. Temos uma esquerda classe média caviar que usufrui do bom e do melhor do capitalismo vivendo nos melhores condomínios, utilizando iPhones, planejando viagens culturais para o exterior e frequentando bons restaurantes. É uma esquerda deturpada de seus próprios valores, e que não se conforma com a realidade. Preferindo criar ilusões de algo que deveria ser, mas que, na realidade, não é.
E por fim, aqui um conselho final para as esquerdas: Ou vocês respeitam a liberdade e autonomia do pobre, ou vocês estão fadados a terem suas ideologias cada vez mais repudiadas pelos mesmos.
*Guilherme S. Esparza é Coordenador do Instituto Atlantos e do Students for Liberty Brasil