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Match Point

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“O homem que disse ‘Eu prefiro ser sortudo a ser bom enxergou a vida profundamente. As pessoas têm medo de encarar que uma grande parte da vida depende da sorte. É assustador pensar que tanta coisa foge do nosso controle. Existem momentos em que, numa partida de tênis, a bola bate na fita, e, numa fração de segundos, pode tanto ir pra frente como pra trás; com um pouco de sorte ela vai pra frente e você ganha, ou talvez não, e aí você perde.”

O trecho inicial do filme Match Point, de Woody Allen, ressoa profundamente com o atentado ao ex-presidente e atual candidato Donald Trump, exemplificando como o acaso muitas vezes dita o ritmo da história. O fato de Trump ter saído praticamente ileso, e mais do que nunca favorito para voltar à Casa Branca, ressalta a caprichosa natureza do destino e ilustra a alarmante polarização e violência no cenário político americano.

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O ocorrido em 13 de julho na Pensilvânia não deveria surpreender por completo. Ao longo da história americana, outros presidentes sofreram atentados semelhantes. Assim como a bola de tênis, que pode cair de um lado ou de outro dependendo do acaso, atentados contra ex-presidentes têm resultados imprevisíveis – Ronald Reagan sobreviveu, enquanto John F. Kennedy não teve a mesma sorte. Era quase inevitável que algo tão bárbaro não voltasse a ocorrer; o que estava em aberto era o resultado.

A sobrevivência de Trump pode ser vista de diferentes formas, alegando-se uma intervenção divina ou simplesmente a tal da sorte. Contudo, o que não se pode simplificar é a realidade de uma sociedade que vem, ao longo dos últimos anos, mostrando sinais de uma fadiga social em que dois grandes blocos da população parecem não se suportar e rejeitam cada palavra dita ou pensada pelo outro. Mas a violência política não é apenas um ataque a indivíduos, é também uma afronta aos princípios democráticos, tão defendidos pelo povo americano ao longo de sua história.

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Quem sabe o rompimento desse ciclo violento não tenha ocorrido naquela tarde de verão na cidade de Butler. Quem sabe a bola não tenha batido na fita e ido para a frente, trazendo uma vitória. Não especificamente para Trump, mas para uma rejeição clara e objetiva a toda e qualquer forma de violência política. A transformação deve começar por uma defesa intransigente dos fundamentos liberais e democráticos, retomando a cultura política enraizada no respeito mútuo e na solidariedade. Que o lamentável episódio ocorrido com Donald Trump marque um ponto final nesse ciclo de ódio e violência.

Artigo de Pedro Dal Magro, associado do Instituto de Estudos Empresariais (IEE)

Aviso

As opiniões contidas nos artigos nem sempre representam as posições editoriais do Boletim da Liberdade, tampouco de seus editores.

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