Existem os donos da verdade e a verdade dos donos. Todos os seres humanos deveriam ser donos da verdade, principalmente, quem tem a obrigação de prestar informações ao povo. O que é verdade, é verdade e ponto final. O dono da verdade não mente. Já a verdade dos donos da informação pode ser uma grande mentira, que só seja verdade para eles.
Um fato para ser verdade necessita ser real. A verdade é objetiva. É inegável! É clara e evidente. Não há verdade subjetiva. Fora da verdade estão a mentira e a opinião, sendo que a mentira é a ausência completa de relação do fato com a realidade e a opinião, algo ainda não testado pela realidade, por falta de conhecimento. Alguém com posições sobre fatos sem conhecimento pleno da realidade tem opinião. A partir do momento em que os fatos se encaixam à realidade, a opinião passa a ser uma verdade e quando não se encaixam, mentira.
A imprensa e o Estado têm a obrigação de prestar informações ao povo. Deveriam ser os donos da verdade, mas quase nunca são. São donos da opinião e da mentira e a transmitem como sendo verdade. Verdade só deles, a verdade dos donos da informação.
Portanto, a ordem dos fatores influencia o resultado. Ser dono da verdade e divulgá-la é virtude. Vício é criar uma informação a partir de um fato que se sabe ser uma mentira, porque contraria a realidade ou ser mera opinião, pois está sujeita ainda a ser testada com a realidade, e transmiti-la aos outros como verdade. Ser dono da verdade é ter força moral. A verdade do dono é distorção.
É o que acontece com relação ao ocorrido em Foz do Iguaçu, quando dois sujeitos armados se enfrentaram e um deles morreu. O outro ficou gravemente ferido. De pronto, sem muito pensar, afirmou-se que a paixão deles por candidatos diferentes à presidência foi a causa do duelo, a única.
Criou-se, então, o “crime político”, que é uma ficção, porque a legislação não define um ato político como crime. Para atender à ocorrência em Foz do Iguaçu a lista de crimes definidos pela lei é suficiente.
A verdade sobre o que houve em Foz do Iguaçu só será estabelecida quando a opinião encontrar-se com a realidade. Isso é investigação. É conhecimento. Contudo, para alguns, pouco importará o resultado da investigação e da realidade. Eles já construíram uma versão para si e a querem estabelecer como verdade a ser informada.
Os jornalistas, em especial, Bernardo de Mello Franco e Miriam Leitão, são exemplos. Por antipatia legítima ao presidente, eles e elas praticam o ato ilegítimo de criar informações, que contrariam a realidade e as empurram para as pessoas como verdade – verdade só para eles, só deles.
A verdade de poucos donos, que os não donos chamam de narrativa, está presente o tempo todo na campanha eleitoral para a Presidência da República. É prática dos jornalistas, que não estão sozinhos com ela. Os agentes do Estado agem de igual modo.
Ora, sabemos todos que os gastos do Estado com valores acima do que lhe é autorizado pelo povo, representados pelos impostos, cria inflação, desvaloriza a moeda e aumenta a dívida que será impingida às gerações que sequer ainda estão no mundo. Os agentes do Estado, por conveniência eleitoral, afirmam que isso é uma narrativa. Mas, a realidade caminha para outro lado.
A democracia é a garantia de liberdade para pensar e exprimir o pensamento e mentir está nesse campo. Não há impedimento para a mentira. Mas, quando se tem os instrumentos de divulgação dos fatos, a ética é o elemento limitador para a mentira. Uns têm, outros não. Mas, a democracia sabe conviver também com isso.