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Delivery estatal: a Prefeitura virou StartUp?

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PEDRO DUARTE*

A Prefeitura do Rio de Janeiro anunciou esta semana o lançamento do Valeu, aplicativo público de delivery. O prefeito Eduardo Paes justifica essa novidade dizendo que quer “oferecer uma condição mais justa para todo mundo: os comerciantes terão taxa zero para pedidos até 100 reais, os trabalhadores que fazem a entrega vão até dobrar seus ganhos e os clientes terão um serviço melhor e mais barato”.

Incrível, não? Uma solução que beneficia absolutamente a todos, como num passe de mágica! Lembra até o clássico bordão: “gratuito, público e de qualidade” – não fosse o fato de que o gratuito é pago por impostos e a qualidade é quase sempre duvidosa. Agora, não chegamos até aqui por obra do caso.

Essa gestão não é simpática aos aplicativos há muito tempo, tratando a conexão que fazem entre clientes e prestadores de serviços como algo banal ou até mesmo indesejado.

A perseguição começou com a Uber / 99, com tentativas reiteradas de impor burocracias e taxas ao funcionamento desses negócios. Inclusive, o Secretário de Fazenda Pedro Paulo chegou a publicar artigo n’O Globo com o título “A Uber é uma fraude”. Decisões judiciais impediram essas barreiras, mas a Prefeitura segue tentando através de novos projetos enviados à Câmara de Vereadores.

A segunda vítima foi a Buser, que teve seu atual terminal interditado e a obra do novo que planejava construir embargada. Questionado sobre os investimentos que a empresa queria fazer na cidade, o prefeito respondeu: “Aqui no Rio não entra”. A questão também precisou ir à Justiça. A interdição foi revertida.

E agora a bola da vez: os aplicativos de delivery, como IFood e Rappi. A Prefeitura “disputará” a entrega de comida na casa das pessoas contra empresas privadas, que investem e se especializam nisso. Faltou refletir sobre o óbvio: se fosse tão simples entrar nesse segmento beneficiando todas as partes e mesmo assim manter a operação sustentável, alguém já teria feito.

Se a Prefeitura falha no que é essencial, como o BRT e a saúde, até hoje tem processos físicos e nós pagamos estacionamento público através de talões, não faz sentido algum que se invista dinheiro, tempo e energia em algo tão mais arriscado e inovador como esse segmento.

Infelizmente, temos agentes públicos que se consideram mais competentes e agora querem “empreender” – não com o dinheiro deles, claro, mas com o dos seus impostos. Afinal, não há delivery grátis.

*Pedro Duarte é advogado, vereador e presidente da Comissão de Ciência e Tecnologia da Câmara Municipal do Rio.

Aviso

As opiniões contidas nos artigos nem sempre representam as posições editoriais do Boletim da Liberdade, tampouco de seus editores.

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