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Samba Democrata

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*Guilherme Wolf

Os dois últimos anos foram difíceis.
Um emaranhado de notícias tristes e alta polarização.
Sem espaço para a ambiguidade ou para a dúvida.

Novo ano, novas promessas. Reflexões profundas e perecíveis. Em meio a tantas certezas, diversas dúvidas:

O que 2022 nos guarda?
O que nos mantém unidos, enquanto brasileiros?

É o Óbvio Ululante: o complexo de vira-latas. Viva o eterno país do futuro.

O que é ser vira-lata?

É ser mestiço: uma imensidão de culturas, de sotaques e de tradições. Um Pelé e um Machado de Assis. Um país mestiço é um país de tolerância.

Ao mesmo tempo, o traço típico do vira-lata é a falta de fé em si mesmo, o “Narciso às avessas”.

E para cada descrente há um herói. Nosso povo derrotado anseia pelo salvador: surge JK. Cinquenta anos em cinco. Vamos construir Brasília, antro dos salvadores.

Assim vivemos décadas perdidas e décadas de ouro, oscilando entre o desengano e a fé radiante.

O que será de 2022 para os vira-latas? Otimismo fervoroso ou pessimismo terminal?

Há dois Messias frente a frente. Um deles decreta: “jogamos fora o complexo de vira- latas”. O outro rebate, pela memória de uma época áurea inexistente.

Amanhã vai ser outro dia?

O brasileiro, afinal de contas, não desiste nunca.

Viva a terceira via, bradam os esperançosos. Entre esquerda e direita, vamos para cima ou para baixo, para as diagonais, criemos novos eixos!

Outros, desprovidos dessa fé, baixam a cabeça e vão trabalhar, unidos pela cultura e distantes da política.

E, lá no fundo do peito, bate calado um restinho de orgulho. O trabalhador brasileiro, brilhante vira-latas, vai levando a vida nesse vaivém de caudilhos.

O elogio ao vira-lata, eis meu grito de esperança.

Nosso país mestiço e tolerante vai construindo seu futuro com as fortes dores do progresso. Em meio à polarização, vamos aprendendo. Afinal, a democracia é a pior forma de governo, à exceção de todas as outras:

O samba com cachaça, mistura de raça, mistura de cor,
O samba brasileiro democrata, brasileiro na batata é que tem valor.

*Guilherme Wolf é associado ao IEE.

Aviso

As opiniões contidas nos artigos nem sempre representam as posições editoriais do Boletim da Liberdade, tampouco de seus editores.

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