O jornalista Reinaldo Azevedo divulgou na noite desta quinta-feira (20) em seu programa de rádio na BandNews FM diálogo inédito atribuído aos procuradores Carlos Fernando dos Santos Lima e Deltan Dallagnol, ambos da força-tarefa da Operação Lava Jato. Azevedo teria tido acesso ao material em parceria com o blog The Intercept.
Na conversa, Deltan teria encaminhado a Carlos Fernando a sugestão de Moro para “treinar” uma determinada procuradora, que não teria tido um bom desempenho em audiência durante a acusação. Com pedido de sigilo, os procuradores combinam que as mensagens seriam apagadas.
Na sequência, acertam que marcariam em breve uma reunião para debater estratégias. De fato, a procuradora criticada por Moro não participaria de audiências futuras e relevantes da Operação Lava Jato, como aquela em que o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva foi ouvido.
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Azevedo afirma que o diálogo entra em contradição com uma declaração de Moro no Senado Federal na última terça-feira (18), quando o hoje ministro da Justiça teria afirmado que sua sugestão não teria tido consequências no desenrolar do processo.
“Como se nota, Dallagnol repassa a mensagem de Moro a Carlos Fernando, mostra disposição de mexer na escala – e mexe. Dois meses depois, no dia 10 de maio de 2017, o ex-presidente Lula depunha pela primeira vez em Curitiba. Do outro lado da mesa, Sérgio Moro – aquele que, na prática, coordenava a Lava Jato. E não: Laura Tesler não estava presente”, sintetiza o jornalista, afirmando que a “procuradora [criticada por Moro] foi excluída da audiência e houve uma combinação para isso”.
“Isto é muito grave, muito mais grave do que parece. Ontem, Sérgio Moro disse que a sugestão dele não tinha tido consequência nenhuma. Teve consequência sim. A procuradora saiu, foi substituída, e isso caracteriza uma interferência na acusação. Um juiz não interfere no órgão acusador. Um juiz que sugere mudanças no órgão acusador está escolhendo o acusador e ele não escolhe nem acusação, nem defesa. Porque quando ele escolhe o acusador, o que ele está fazendo é escolhendo a pessoa que pode atuar contra o réu. A obrigação de um juiz é ouvir a acusação e a defesa para formar sua convicção com base nas provas materiais. Sem isso, ele é um juiz de acusação e todo jurista e advogado que me ouve sabe disso”, opinou o jornalista.
Confira a íntegra do programa abaixo:
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Resposta de Sérgio Moro
De acordo com divulgado pelo blog “O Antagonista”, a assessoria de imprensa do Ministério da Justiça teria divulgado a seguinte nota: [1]
“Sobre suposta mensagem atribuída ao Ministro da Justiça e Segurança Pública esclarece-se que não se reconhece a autenticidade, pois pode ter sido editada ou adulterada pelo grupo criminoso, que mesmo se autêntica nada tem de ilícita ou antiética. A suposta mensagem já havia sido divulgada semana passada, nada havendo de novo.
Na suposta mensagem não haveria nenhuma contradição com a fala do ministro ao Senado Federal, como especulado. Cabe esclarecer que o texto atribuído ao Ministro fala por si, não havendo qualquer solicitação de substituição da procuradora, que continuou participando de audiências nos processos e atuando na Operação Lava Jato.”
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