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7 fatos para compreender como as redes de apoio a Bolsonaro entraram em choque

Em disputa por influência no governo que ajudaram a eleger, Mourão, Evangélicos e aliados de Olavo de Carvalho trocam acusações e críticas - e, no meio disso tudo, posição do presidente é ambigua
Bolsonaro e Mourão descem rampa do Planalto para comemorar 100 dias de governo (Foto: Antonio Cruz/ Agência Brasil)
Bolsonaro e Mourão descem rampa do Planalto para comemorar 100 dias de governo (Foto: Antonio Cruz/ Agência Brasil)

As forças políticas que levaram Jair Bolsonaro à presidência da República ainda estão se acomodando no poder. O processo não está sendo pacífico e é marcado por desconfianças, críticas públicas, divisão – cujo papel do presidente, curiosamente, ainda é ambíguo.

Nesta semana, fatos novos ocorreram para incendiar o clima. Carlos, filho do presidente, intensificou as críticas a Mourão nesta terça-feira (23). Isso ocorre um dia após Bolsonaro ser obrigado a emitir uma nota afirmando que a postura de Olavo de Carvalho, principal ideológo do governo, contra o vice-presidente não ajudava a gestão. O texto, claro, não foi bem recebido pela turma que segue Olavo. [1]

Para relembrar essa crise de acomodação de poderes e disputa de influência, o Boletim da Liberdade selecionou sete momentos que ajudam você a entender o episódio.

Fato 1: Olavo de Carvalho com críticas constantes a Mourão

O filósofo e professor Olavo de Carvalho, principal ideólogo de Bolsonaro, era, em 2018, um dos que estimulavam a candidatura de Hamilton Mourão à vice-presidência na chapa de Bolsonaro. Os bons olhos com o militar, contudo, se esvaíram no início do governo.

Mourão concedeu entrevistas, fez declarações e abriu linhas de diálogo que desagradaram o guru, por considerá-las contrárias ao programa de governo que foi eleito. Nesse sentido, destaca-se o fato de, já como vice, ter defendido o aborto em entrevista ao jornal O Globo no início de fevereiro. [2]

Olavo também já criticou Mourão por ter feito críticas ao chanceler Ernesto Araújo e também quando criticou os militares de uma forma geral no governo.

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Fato 2: Olavo conversa com Feliciano, que pede o impeachment de Mourão

Na última quarta-feira (17), o deputado federal Marco Feliciano, da bancada evangélica, anunciou em plenário que ingressaria com o pedido de impeachment do vice-presidente, General Mourão. Poucos dias antes, o deputado federal esteve na casa de Olavo de Carvalho, na Virgínia.

“Tudo o que for possível para queimar a reputação do Bolsonaro, eles vão fazer. Desde o primeiro dia, começaram a criticar os erros do presidente. Vale tudo – inclusive, agora, querem transformar o General Mourão em salvador da pátria”, afirmou Olavo a Feliciano, que classificou o vice-presidente como tendo uma postura “indecorosa e indelicada”. [3]

Fato 2: Lauro Jardim revela que Bolsonaro estimula briga com Mourão

Até então, acreditava-se que o conflito entre Olavo e Mourão seria algo isolado – ao menos, não haveria nenhuma prova que confirmasse que o presidente havia tomado lado. Ao menos, até o último domingo (21).

O jornalista Lauro Jardim, do jornal O Globo, afirmou em nota de sua coluna que é o próprio presidente que estimula ataques de aliados ao vice. Jardim teria tido acesso a áudios em que Bolsonaro parabenizaria companheiros pelos ataques e afirmaria que “em 2022, Mourão terá uma surpresinha”. [4]

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Fato 4: Mourão chama Olavo de “astrólogo” e é apoiado por evangélicos

Nitidamente incomodado com as seguidas críticas de Olavo, o vice-presidente Hamilton Mourão declarou nesta segunda-feira que o filósofo deveria “se limitar à função de astrólogo”, uma alfinetada no passado profissional do intelectual. [5]

“Ele pode continuar a prever as coisas, que ele é bom nisso”, complementou, no contexto de comentar ao vídeo compartilhado no canal do YouTube de Bolsonaro em que Olavo critica os militares. Horas depois, o vídeo foi apagado.

A declaração de Mourão foi elogiada pelo pastor Silas Malafaia. “Está corretíssimo”, afirmou. O evangélico disse que “só Deus para suportar os olavetes” e sugeriu que os apoiados de Olavo usam “robôs e outros apetrechos para caluniar e difamar”. [10]

Jair Bolsonaro, Levy Fidelix e General Mourão no anúncio da coligação “Brasil acima de tudo, Deus acima de todos”, em agosto (Foto: Divulgação)

Fato 5: Bolsonaro, em nota, afirma que comportamento de Olavo é ruim para o governo

Em nota à imprensa transmitida pelo porta-voz Otávio do Rêgo Barros, Jair Bolsonaro repreendeu as declarações de Olavo de Carvalho contra o vice. [6]

“O professor Olavo de Carvalho teve um papel considerável na exposição das ideias conservadoras que se contrapuseram à mensagem anacrônica cultuada pela esquerda e que tanto mal fez ao nosso país. Entretanto, suas recentes declarações contra integrantes dos poderes da República não contribuem para a unicidade de esforços e consequentemente atingimento dos objetivos propostos em nosso projeto de governo, que visa – ao fim e ao cabo – o bem estar da sociedade brasileira e o soerguimento do Brasil no contexto das nações”, afirma.

Em publicação nas redes sociais, Olavo respondeu a nota dizendo que “não ambiciona os postos dos fardados ou civis”. “Jamais me rebaixei nem me rebaixarei a disputar aquilo que para vocês é o supremo valor da existência”, disse. [11]

Fato 6: Defensores de Olavo criticam Bolsonaro

Após a divulgação da nota de Bolsonaro, alunos e defensores de Olavo de Carvalho decidiram se manifestar e se posicionar ao lado do professor. Ex-integrante do MEC e considerado pelo próprio Olavo como o mais inteligente de seus alunos, o historiador Silvio Grimaldo foi um deles.

“[Jair Bolsonaro,] as críticas foram feitas para alertar seus eleitores, e o senhor mesmo, de que o presidente está cercado por um bando de traíras com quem não é possível ter ‘unicidade de esforços’ alguma, porque, entenda, os generais o desprezam, Senhor Presidente! Mourão, Santos Cruz, Rego e todos os outros milicos que o senhor enfiou aí acreditam que o Presidente é um idiota, fraco e irresponsável, um menino malcriado que precisa ser controlado”, disse, afirmando que quem escreveu a nota deve ter sido o próprio porta-voz, apesar de autorizado pelo presidente. [6]

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Fato 7: Carlos Bolsonaro volta a atacar Mourão

Vereador do Rio de Janeiro, Carlos Bolsonaro também é considerado o pivõ da queda de Bebianno do governo (Foto: Marcello Casal jr/Agência Brasil)

Nesta terça-feira (23), Carlos Bolsonaro – filho do presidente e vereador pela cidade do Rio de Janeiro – decidiu, mesmo depois da nota do pai, seguir atacando o vice-presidente.

No Twitter, publicou três mensagens com críticas a Mourão. A primeira delas foi uma captura de tela mostrando que o vice-presidente curtiu uma publicação da jornalista Rachel Sheherazade contra o presidente. No texto, a âncora do SBT afirmou que o vice não dava vergonha e enquanto Mourão seria um “vinho”, Bolsonaro um “vinagre”. [7]

Horas depois, Carlos publicou o convite original que Mourão teria recebido para palestrar nos Estados Unidos. “Se eu não visse, não acreditaria que aceitou com tais termos”, afirmou. O texto do convite a que Carlos se referiu possui um tom crítico ao governo, afirmando que os primeiros 100 dias “foram marcados por paralisia política” e que o vice-presidente Hamilton Mourão “emergiu como uma voz de razão e moderação”. [8]

Por fim, Carlos publicou um vídeo onde Mourão comemora o fato de a população da Venezuela estar desarmada, pois, caso do contrário, haveria uma guerra civil. “Quando a última coisa que lhe resta é o último suspiro de vida, surgem estas pérolas que mostram muito mais do que palavras ao vento, mas algo que já acontece há muito tempo”, afirmou. [9]

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