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DataUber: O povo sabe em quem votar para presidente!

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Saí do meu gabinete quase às 20h nesta última sexta-feira; ficamos Jéssica, Larissa e eu após o horário para alinhar os últimos detalhes da semana seguinte, a última antes que acabe o recesso parlamentar. O que, aliás, não nos significa nada, posto que jamais paramos.

Pois bem, pedi o meu Uber para a casa e fui esperá-lo na portaria. Ali iniciei uma conversa com o pessoal da segurança sobre o terrível surto de covid-19 na Câmara. Dezenas de servidores testaram positivo nas primeiras semanas do ano, mas todos sem maior gravidade. Deus abençoe a vacina.

Papo vai, papo vem, o mais velho da turma me confrontou — o senhor é a favor ou contra o Bolsonaro? — Sou contra, rebati. Ato contínuo, arrematei — mas também sou contra o Lula. É bom explicar: não há vergonha alguma em ser “contra” o Bolsonaro, mas daí a te confundirem com um petista, torna-se ofensa pessoal.

Feitas as considerações, um dos rapazes virou-se para mim e disparou: — Então ferrou; só tem os dois.

Dali pensei em falar sobre o Felipe D’ávila, do meu partido, em Moro e até mesmo em Ciro, vai que o cara gosta de um inflacionário. Mas, não. Resolvi adotar uma outra estratégia:

— Mas você tá feliz com isso?!

A reação foi instantânea, todos balançaram a cabeça e resmungaram, insatisfeitos. Continuei: — É, eu também não. Precisamos encontrar uma alternativa…

O mesmo rapaz, antes dicotômico, pintou o retrato: — Tinha que ser alguém honesto, mas que ajudasse a gerar mais emprego. Tá difícil emprego hoje em dia.

Verdade. Eles próprios, funcionários de uma terceirizada, aceitam um salário mais modesto do que mereceriam, cenário comum em economias incertas. Resolvi continuar provocando, mas desta vez, eu mesmo fiz a minha afirmação e fiquei na expectativa da reação dos três: — É, mas olha, quem gera emprego é quem empreende, abre o seu negócio e vai à luta. Se o governo não ajuda essas pessoas; só “enfia” burocracia e imposto, fica difícil.

Para a minha surpresa, nenhum deles discordou. Balançaram a cabeça afirmativamente e fizeram um olhar reflexivo. Invejosos dirão que eles não queriam discordar do “nobre vereador”, mas, ora, vocês não fazem ideia do quanto eles costumam ser sinceros e rasgados em suas afirmações. Mas isso deixa para um outro dia…

Chegou o Uber. Embarquei. Como acontece com certa frequência, o sujeito já puxa assunto de política ao me ver saindo do prédio legislativo:

— Você trabalha aí? — Trabalho, respondi conciso. Sem que me perguntem com o quê, falar que sou vereador, não falo. Por vezes dá vergonha ser político.

— Essa política tá difícil, hein, rapaz? Disparou o motorista. — Você acha? — me fiz de desentendido. — Olha o preço da gasolina! — Queixou-se.

Dali em diante, o papo seguiu neste rumo, mas desta vez a provocação partiu de mim. Sim, como eu dispensei carro oficial e me habituei a andar de Uber, aproveito a ocasião para realizar o que eu chamo de “DataUber”; modéstia à parte, mais verossímil que qualquer outro ‘Dataalgumacoisa’.

— Mas e aí, você é Lula ou Bolsonaro?

— Nenhum dos dois, respondeu-me sem hesitar — Esses dois são mentirosos, só veem o lado deles. A gente que tá aqui, trabalhando só se ferra! — continuou, sem que eu o interrompesse: — Estou trabalhando de Uber porque tive que fechar a lojinha que eu tinha com a minha esposa. Além dela e de mim, mandamos duas mocinhas embora, uma com filha pequena, mas vou fazer o quê?

Silenciei. A descrição de uma realidade tão crua ainda me choca. Aliás, se um dia eu perder essa sensibilidade, deixo a vida pública. Chegamos ao ponto final e dali segui refletindo: O brasileiro quer um presidente liberal. Sim, um liberal com preocupação social, mas ainda assim um liberal que valorize e respeite a quem trabalha. E com todo respeito aos cltistas e a nós servidores públicos; quem trabalha mais que um empreendedor ou um profissional liberal?

E veja: o brasileiro tem vocação empreendedora. Em qualquer bairro ou cidade, por mais humilde que seja, lá estão eles. Em tudo que querem, demandam e desejam para o futuro, vemos que clamam um presidente liberal, ainda que não façam ideia do que é o “liberalismo”, pois ao contrário duma tese fria, o “liberalismo” é a prática da liberdade, coisa que nós brasileiros, por acaso, sempre apreciamos.

Cabe a nós, liberais, contarmos isso a eles, este ano. Quem sabe na próxima viagem.

Aviso

As opiniões contidas nos artigos nem sempre representam as posições editoriais do Boletim da Liberdade, tampouco de seus editores.

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