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Quanto custa a saúde de um político?

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LETÍCIA ARSENIO*

Todo mundo sabe que a classe política tem muitos privilégios, certo? O que muita gente não sabe é como funcionam ou quais são eles (e se você quiser saber todos, faço o convite para ver o vídeo que fizemos para o EnGlobe no YouTube).

Hoje vim falar especificamente sobre os privilégios que a classe política tem na saúde.

Um deputado federal, por exemplo, se não tiver plano de saúde, pode ser reembolsado pela Câmara dos Deputados caso venha a usar serviços médicos e odontológicos de uma rede privada em praticamente qualquer lugar do mundo.

No seu trabalho, tem também um departamento médico com 82 médicos de dezessete especialidades, um tomógrafo de R$2,5 milhões e até uma UTI móvel novinha no valor de R$134 mil que realiza, em média, apenas duas viagens por semana. Esse “benefício” inclusive abarca ex-deputados também. E falando em abarcar, se o deputado adicionar os familiares como dependentes no imposto de renda, dá direito de todo mundo usar junto.

Mas a família não para por aí: ela também pode se associar ao programa de assistência à saúde da Câmara dos Deputados. O plano de primeira linha custa meros R$322 e inclui convênios para hospitais como o Sírio-Libanês. Mas mesmo com todos esses “benefícios” completamente incompatíveis com a realidade brasileira, ainda tem muito político que se sente no direito de gastar ainda mais o dinheiro do pagador de impostos.

Foi o caso do ex-senador, Milton Cabral, que apesar de ter tido o seu último mandato em 1986, achou justo enviar uma conta em 2013 no valor de R$2,2 mil referente a aplicações de botox. O gasto total foi maior, mas o documento que solicitou o reembolso indicava despesas de R$5,1 mil com gastos médicos dele e da esposa. Sim, o ex-senador que não exercia um mandato parlamentar há 27 anos queria que você ajudasse a pagar o botox da mulher dele. E infelizmente ele está longe de ser o único a fazer isso.

Por mês, o Senado custa R$18 milhões só para os concursados, comissionados, aposentados e familiares, e isso sem contar os senadores, ex-senadores e seus familiares, que possuem um plano especial e exclusivo do Senado. Só em 2017, foram gastos R$1,9 milhões com 154 ex-senadores e seus cônjuges, e outros R$8,3 milhões com os senadores no exercício de mandato e seus dependentes.

Além do Senado, se considerarmos toda a estrutura e atendimento médico, a Câmara dos Deputados gasta em média R$100 milhões ao ano. Para fins de comparação, esse valor é superior ao orçamento voltado para a saúde de mais de 96% dos municípios brasileiros. Em outras palavras, das 4.792 prefeituras que prestaram contas ao Tesouro Nacional em 2016, apenas 180 delas tinham despesas mais elevadas.

É isso mesmo que você leu: só a saúde dos nossos deputados federais custam mais do que a grande maioria da saúde de uma população de uma cidade inteira. E é por essas e outras que eu digo: viver no Brasil não é para amadores. A não ser que você seja da classe política.

*Bacharel em Direito e ativista política


REFERÊNCIAS:

Garschagen, Bruno. “Direitos máximos, deveres mínimos: O festival de privilégios que assola o Brasil”. 1ª edição. Editora Record, 2018. P. 110-112.

Da Silva, Rodrigo. “Guia politicamente incorreto da política brasileira”. 1ª edição. Editora Leya, 2018. P. 112-113.

Aviso

As opiniões contidas nos artigos nem sempre representam as posições editoriais do Boletim da Liberdade, tampouco de seus editores.

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