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É campanha, meus senhores e minhas senhoras

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Jair Bolsonaro tem mesmo tanto poder?

Seis horas da manhã de domingo, leio numa das páginas do jornal O Globo, o seguinte título: “Confiança na democracia melhora, mesmo com extrema-direita mais agressiva”. Subentende-se disso uma relação de causa e efeito, onde a democracia melhora para contrariar a extrema-direita agressiva. E o título se confirma no artigo que encabeça, escrito pelo professor e cientista político Leonardo Avritzer, da Universidade Federal de Minas Gerais. Literalmente escreveu ele: “A pesquisa A Cara da democracia traz, em sua quinta edição, uma boa notícia para o país: aumentou o número de brasileiros que não aceitariam um golpe de Estado. Para 59% dos entrevistados, a democracia é preferível a qualquer outra forma de governo…”.

Adiante, ele afirma: “No entanto, apesar dos avanços importantes em relação ao apoio à democracia no Brasil, há dados que precisam ser observados com bastante cuidado, pois apontam para uma direção contrária. Entre esses resultados está um enorme crescimento, no Brasil, da extrema-direita, especialmente nos últimos dois anos”.

Caminhando-se mais no roteiro do artigo, chega-se ao seguinte fechamento: “(…), a pesquisa revela algo ainda mais intenso, qual seja, o aumento do número de brasileiros que se declaram de extrema-direita…Essa constatação, obtida a partir do levantamento, aponta na direção de um êxito relativo do bolsonarismo em estimular a formação de uma extrema-direita movimentalista no Brasil…”.

Pronto, está, novamente, feita a linha de causa e efeito, Bolsonaro formou uma extrema-direita no Brasil e ela representa o risco de um golpe contra a democracia. Desse modo, o professor Leonardo joga por terra todo o valor que a pesquisa poderia ter para quem esteja interessado, de verdade, em conhecer o pensamento do povo brasileiro.

Contudo, a pesquisa, com a declaração do professor ou sem ela, já teria falhas de método, porque tenta conhecer os valores dos entrevistados com a mesma metodologia que se usa para captar intenção de votos, onde o entrevistador escolhe um entre todos, com o critério simples de “esse sim”, “esse não” e “aprovo” ou “não aprovo”.

O que é a democracia para quem respondeu que a defende, ou que tem preferência por ela, diante das três possibilidades de resposta apresentadas na pesquisa?

1- “Tanto faz um regime democrático ou não democrático”;
2- “A democracia é preferível a qualquer outra forma de governo” e
3- “Em algumas circunstâncias, uma ditadura pode ser preferível a um governo democrático”.

Acredito que eu não precise me estender em considerações, porque o questionário da pesquisa e a análise do professor Leonardo falam por si mesmos sobre a intenção da matéria que nasceu com base na pesquisa: vincular dados quantitativos ao pensamento do Presidente Bolsonaro.

O desejo dos intérpretes chega ao ponto de definir conspirações a partir de bobagens como terra plana, cloroquina, a relação da China com o vírus e a chegada do ser humano na lua, fazendo vínculo de tudo isso com a extrema-direita e da extrema-direta com o “formulador” Jair Bolsonaro.

Quando se quer conhecer atitudes, motivações e comportamentos, o caminho não pode ser uma pesquisa quantitativa como quer o jornal O Globo. Para cumprir esse papel, uma pesquisa deve permitir uma análise criteriosa das respostas a perguntas feitas com mais profundidade, algo que Sócrates ensinou o mundo a fazer 400 anos antes do nascimento de Cristo.

O que é ser extrema-direita? Que circunstâncias alguém acredita que uma ditadura pode ser preferível a um governo democrático? O que define como democracia quem prefere um regime não democrático?

Antes da matéria publicada pelo jornal O Globo, a ONG britânica Article divulgou o “Relatório de Expressão Global de 2022”, onde noticia que o Brasil caiu da 31a posição no ranking dos mais livres, conquistada em 2015, para o 89o neste momento. Qual o motivo da queda? A introdução ao relatório esclarece: “O Brasil presenciou uma das maiores e chocantes deteriorações na última década sob a influência de um líder democraticamente eleito. O assédio do Presidente Jair Bolsonaro e a estigmatização da mídia andam juntas com persistentes ataques ao judiciário e questionamento à integridade do sistema…”. O Relatório está disponível na íntegra, em inglês, na rede e a ele se pode ter acesso a partir de um link disponibilizado pelo Boletim da Liberdade, que continua na vanguarda, na garantia da liberdade de expressão. No Boletim todo e qualquer pensamento tem espaço se for relevante para formulações.

Pois é, gente. Todo o material que me serviu de leitura e análise para o presente artigo me mostra um homem com poderes excepcionais para formar opinião e decidir o destino da Nação que, temporariamente, governa. Ele pode tudo pela lábia e esse é o conceito que querem nos empurrar.

Ora, na verdade, Jair Bolsonaro é um sujeito que estava parado numa posição qualquer, enquanto a roda da vida se movimentou até encontrá-lo e ele, nela, se encaixou. Houve coincidência de pensamento e essa coincidência levou o eleitor ao voto e o voto colocou Jair Bolsonaro na Presidência. Somente isso. O Presidente tem mais poder para perder posições pelo que fala do que para conseguir adeptos. Isso está claro, claríssimo, na análise que se pode fazer das pesquisas que chegam até nós.

Acontece que estamos em campanha, ocasião em que a todos e a todas é dada a liberdade de defenderem seus candidatos com qualquer argumento que lhes sirva. É natural. E é ótimo que assim seja. Melhor seria, contudo, se os eleitores brasileiros tivessem um pouquinho mais de discernimento para saber quando há intenção dos agentes políticos de enganá-los ou de esclarecê-los. É aqui que entra a Educação, uma ferramenta fantástica que dá às pessoas a capacidade de decidirem sem serem influenciadas por informações tendenciosas.

Mas, que pena que o povo que decide as coisas no Brasil não percebe que a garantia para a democracia e o fim da pobreza é a liberdade, uma liberdade que só a Educação entrega.

Enfim. É o país que temos.

Boa semana para todos e todas.

Aviso

As opiniões contidas nos artigos nem sempre representam as posições editoriais do Boletim da Liberdade, tampouco de seus editores.

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