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Rodrigo Maia e a Garota de Ipanema

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Na semana passada, tivemos um caso que ainda repercute: o debate – debate não, porque debate é coisa civilizada – o bate-boca entre o deputado federal Rodrigo Maia e o Presidente Nacional do partido dele, Democratas. Na intimidade, DEM; no nascedouro, DEMO.

Senti-me motivado a comentar o fato pelo que se andou a falar sobre o Partido da Frente Liberal, extinto quando os políticos César Maia e Jorge Bornhausen, orientados pelo pesquisador Antonio Lavareda, estrangularam o partido para encaminharem os filhos, Paulo e Rodrigo. Isso está posto no livro “Emoções Ocultas” do Lavareda.

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Quem tiver interesse em saber o que veio depois, visite a imprensa. As conveniências mudaram para alguns, como agora na eleição da Mesa da Câmara, e Jorge Bornhausen tomou uma rasteira. Existe na política situações em que as lealdades cedem lugar aos egoísmos e desejos de ocasião. Quem desconhecer isso, não faça política, porque mesmo que seja correto, um dia será apanhado por quem não é.

Depois de apeado da Presidência da Câmara dos Deputados, pela absoluta incapacidade de entender que deveria ter sido um magistrado e não um cabo eleitoral, o deputado Rodrigo Maia desancou ACM Neto, de quem se disse amigo há 20 anos. Ao Valor Econômico, o deputado, numa longa entrevista encabeçada pelo título “DEM voltou para a extrema-direita dos anos 1980”, informou: “O grande problema é que o partido voltou ao que era na década de 1980, para antes da redemocratização…”. O que é isso? Na década de 1980, tivemos 1985, com a eleição de Tancredo Neves, onde o PFL, que não é sucessor do PDS, foi fundamental para o rito de passagem da ditadura para a democracia. “Os deuses cegam aqueles que desejam punir”.

O PFL nunca foi sucessor do PDS. Nasceu da cisão e não da substituição. O partido tomou forma num telefonema do Senador Marco Maciel, esse sim um liberal, um democrata, ao deputado Fernando Lyra para o rito de passagem de um grupo esgotado com os generais, até Tancredo Neves. Criou-se, então, a Frente Democrática . Pena foi que o Senador Marco Maciel, limitado pela legislação, não pode ser o candidato a Vice-Presidente e abriu espaços para o Senador José Sarney. Com certeza, o Brasil teria caminhado melhor sob a condução do liberal Marco Maciel.

O Democratas surgiu do oportunismo dos Maias. O partido não teve na largada e menos ainda tem hoje a ideologia liberal presente no PFL, onde a melhor representação esteve com o Senador Marco Maciel, razão da minha curiosidade com o liberalismo e depois da mudança das minhas convicções.

Lamentei muito a derrota dele na eleição de 2010, quando concorria ao terceiro mandato de Senador por Pernambuco. Os eleitores de lá preferiram Humberto Costa. Pena! O Senador Marco Maciel era, na política pernambucana, a lanterna liberal solitária nas trevas do socialismo de Arraes. Como aqui no Rio, por um bom tempo, foram Afonso Arinos de Mello Franco, Rubem Medina e Arolde de Oliveira, luzes ofuscadas pelo socialismo moreno de Brizola, referência política apaixonada dos Maias.

É bem sugestiva nesse sentido, a entrevista que ele deu à revista IstoÉ, no dia 16 de maio de 2007. Separei um pequeno trecho, mas a íntegra está disponível na internet.

ISTOÉ – O DEM abandonou o termo liberal, que lhe concedia uma nitidez ideológica, e adotou uma denominação genérica, de democrata. O partido ficou com medo de ser de direita?

Rodrigo Maia – A ideia do liberalismo puro não foi vitoriosa no mundo, é preciso aceitar isso. O Partido Conservador da Inglaterra ficou 12 anos defendendo as teses liberais, ficou 12 anos isolado e ficou 12 anos na oposição. Viu-se obrigado a caminhar para o centro. As demandas da sociedade obrigaram a essa troca de eixo. Nós também precisávamos ampliar o debate com a sociedade. Eu acho o nome Democratas um nome forte. Mas não é a sigla que tem de necessariamente dar nitidez ideológica. Quem tem de dar nitidez ao partido somos nós.

ISTOÉ – E o que quer, então, o Democratas?

Rodrigo Maia – Um país como o que definiu Felipe Gonzáles (ex-primeiro ministro da Espanha): um Estado Garota de Ipanema. Seria um Estado enxuto, sem gordura. Mas organizado para as suas tarefas essenciais. Nós entendemos que, num país pobre como o Brasil, o Estado ainda tem de exercer um papel fundamental. Vamos defender políticas públicas. Entendemos que o Estado tem de prestar um bom serviço de saúde, de educação, de segurança pública. O Estado precisa tratar a questão do meio ambiente como prioridade. Mas isso não tem de significar querer um Estado inchado, paternalista, com 36 ministérios.

Para a primeira resposta, uma conclusão simples: Margareth Thatcher, então, foi uma ficção. Para a segunda, onde está o retórico “Estado Garota de Ipanema”, mostra que no subconsciente do deputado Rodrigo Maia, o Estado Brasileiro é “a coisa mais linda, mais cheia de graça”. A coisa mais linda que ele jamais deixou passar sem, pelo menos, tirar uma casquinha.

O PFL era um balaio de gatos, como é qualquer partido político, mas quando os gatos socialistas venceram os liberais, ele foi extinto e criou-se uma camuflagem, o DEMOCRATAS. É isso.

Agora, os socialistas, sucessores de ACM e Maia resolveram se arranhar. Que bom que, em 2011, quatro anos após extinto o PFL, um grupo liderado pelo João Amoedo tenha criado um espaço de verdade para os liberais. Está aí, o Partido NOVO, onde todos os liberais deveriam abrigar-se. Não precisamos mais vagar como uma nação sem território.

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Aviso

As opiniões contidas nos artigos nem sempre representam as posições editoriais do Boletim da Liberdade, tampouco de seus editores.

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