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A nova facada de Bolsonaro

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O atentado sofrido por Bolsonaro em setembro de 2018, sem dúvida, foi um acontecimento que mudou a dinâmica das eleições daquele ano. A facada que atingiu o então candidato, atingiu também seus opositores. Foi um xeque mate nos concorrentes que se viram intimidados a atacarem ou criticarem um homem hospitalizado, afinal a imagem que o eleitor tinha era de um homem fragilizado e atingido por um inimigo desconhecido.

Quatro anos depois, Bolsonaro prepara nova ação estratégica para tentar encurralar seus adversários. Desta vez, a facada é no povo brasileiro, principalmente naqueles mais vulneráveis à irresponsabilidade fiscal do populismo. A facada agora chama-se PEC Kamikaze, intitulada dessa forma há meses atrás pelo próprio ministro Paulo Guedes, devido aos efeitos negativos que a proposta terá sobre os fundamentos econômicos. A Proposta de Emenda à Constituição turbina uma série de benefícios sociais a menos de três meses das eleições entre eles: amplia o valor pago até dezembro no Auxílio Brasil e cria benefícios específicos para caminhoneiros e taxistas pelo mesmo período. Para permitir a concessão dos programas em período eleitoral, o texto decreta estado de emergência no Brasil em decorrência da “elevação extraordinária e imprevisível dos preços do petróleo, combustíveis e seus derivados”, e dos impactos sociais negativos como uma consequência dessa disparada.

Mesmo sendo amplamente criticada por especialistas e imprensa, a PEC transitou em tempo recorde e, assim como o atentado de 2018, colocou os adversários de Bolsonaro em uma situação bem desconfortável. A oposição se encontrou em uma encruzilhada: de um lado aprovar um projeto que fortalece a campanha do presidente e não se indispõe com leitor; e de outro, fazer o certo para o Brasil e barrar um projeto que praticamente se configura como compra de votos no período eleitoral.

A oposição, de joelhos, aprovou em peso a PEC, afinal, quem em período eleitoral teria coragem lutar contra os prazeres do curto prazo? Apenas uma pequena parcela da população tem a compreensão que benefícios dados em situação fiscal frágil, se converterá em prejuízos no médio prazo.

Aqueles parlamentares que falam para um eleitorado elitizado – capaz de entender os códigos básicos da economia – tiveram argumentos para votar contra a PEC. Mas apenas uma minoria (bem pequena mesmo) que apoiou o impeachment e agora votou contra a PEC demonstra realmente ter a capacidade e força de lutar contra, não apenas, a PEC Kamikaze mas a tudo de imoral que o Governo Bolsonaro pode fazer.

Assim como a facada colocou Bolsonaro em um leito de hospital, não restam dúvidas de que a PEC Kamikaze o colocará definitivamente no UTI da velha política. Mas Bolsonaro não está preocupado com isso, ele quer se reeleger, pois, como sabemos, o poder cura tudo.

Foto: Alan Santos/PR

Aviso

As opiniões contidas nos artigos nem sempre representam as posições editoriais do Boletim da Liberdade, tampouco de seus editores.

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