“Se imaginarmos a Constituição como uma obra de arquitetura – construção feita em arco, a exemplo do que se vê nas igrejas -, colocamos no alto uma peça para fechá-la, que é o que os construtores chamam o fecho da abóbada: esse fecho é o Supremo Tribunal Federal. De um lado e outro da curva estão o Poder Legislativo e o Poder Executivo; lá em cima, no centro, fechando a abóbada, para segurar a armação, está o Poder Judiciário, representado por seu Tribunal mais importante.
É o órgão que pronuncia a última palavra definitiva, sobre quaisquer questões de interpretação da Constituição e das leis, de direitos dos cidadãos e de legalidade dos atos do governo. Falou, acabou-se: ninguém discute mais.
É a garantia de estabilidade do edifício constitucional, o que evita que a abóbada despenque. A maior responsabilidade do regime republicano, portanto, é a dos juízes, especialmente os do Supremo Tribunal Federal, que devem ser bem pagos, que têm de ser inteiramente independentes, a quem a Constituição não permite fazer política nem ser destituídoos ou removidos.
No dia em que os juízes perderem a confiança do povo, estará aberta uma porta por onde a desordem civil entrará no país. Deus nos livre dessa derrocada”
– Do jurista mineiro José Guimarães Menegale (1898-1965), no livro “O que é a Constituição”, que fez parte da Coleção Educar – Série Moral e Civismo, distribuído pelo MEC após a Constituição de 1946