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Por que nós do NOVO somos obcecados por economizar dinheiro público?

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*Marcela Trópia

Quem acompanha políticos eleitos pelo partido NOVO sempre encontra prestações de contas que incluem o famoso “economizômetro”, exibindo cifras enormes de dinheiro público não gasto. Com meu mandato não foi diferente: chegando ao final de um ano de trabalho como vereadora pelo NOVO em Belo Horizonte, já consegui economizar mais de R$ 1 milhão. Mas por que valorizamos tanto essas economias e fazemos questão de divulgar para todo cidadão que queira ver?

A realidade é que há décadas os brasileiros vêm demonstrando uma indignação crescente diante dos desperdícios de dinheiro público. A corrupção enraizada em empresas e órgãos públicos, cujo exemplo mais conhecido foi o escândalo da Petrobrás, são apenas uma parte do desperdício. Todos os dias, a máquina pública brasileira, das prefeituras nas cidades aos ministérios em Brasília, desperdiçam dinheiro que sai do bolso do cidadão. Esse dinheiro, que poderia colocar comida nas mesas dos brasileiros se não fosse abocanhado por impostos, é usado de maneira ineficiente e, por isso, o cidadão tem total legitimidade de se sentir lesado.

Essa é uma das razões pelas quais nós, do NOVO, somos obcecados por economizar dinheiro público – que, no fim do dia, é dinheiro nosso, que sai do nosso bolso. Quem já viu uma boa parte do seu salário ser engolida pelo Leão sabe como é frustrante. Trabalhamos duro, dia após dia, para ver parte da nossa renda ser levada para sustentar um governo que desperdiça recursos a todo tempo. Parafraseando o governador Romeu Zema, o carrapato ficou maior que a vaca.

Essa indignação poderia ser minimamente aplacada se, ao olhar para a nossa cidade, encontrássemos serviços públicos de qualidade. O problema é que, além de pagarmos uma alta carga tributária, somos obrigados a nos contentar com um serviço público arcaico, burocrático e que serve a qualquer pessoa, menos ao cidadão que depende dele. Infelizmente, essa é a regra da máquina pública, e é possível perceber o padrão da ineficiência na saúde, no transporte, na educação, na segurança e em todo e qualquer serviço que o poder público tenta oferecer.

Falando de dentro da máquina, primeiro como especialista em políticas públicas e depois como vereadora eleita, faço o adendo que até é possível enxergar esforços importantes e necessários para reduzir essa ineficiência. Mas a lógica do serviço público é a do desperdício. Quando a receita é ampla e garantida, não há incentivo para economizar ou tentar ser mais eficiente com os recursos disponíveis. É como uma criança que vai à padaria com uma nota de R$ 100 reais.

Essa é outra razão pela qual nós do NOVO somos obcecados por economizar dinheiro público. Há quem critique que a gente corta até o cafezinho, o que não é necessariamente verdade, mas fato é que estamos pressionando. Se a lógica do serviço público não incentiva a economia, nós faremos a nossa parte para equilibrar essa balança, mostrando que é possível sim entregar resultado para nossos eleitores e economizar milhões. Sabemos que nossa obsessão pode causar certo constrangimento entre os pares, mas ela é necessária. Estamos fazendo aquilo que fomos eleitos para fazer. Qualquer coisa além disso é estelionato eleitoral.

Apenas ao abrir mão dos dois carros alugados e do combustível disponível para meu gabinete, economizei mais de R$ 94 mil no meu primeiro ano de mandato. Não é essencialmente errado que uma organização queira custear o deslocamento de um profissional em trabalho, mas o formato do contrato de aluguel de carros para os gabinetes é caro e estimula o desperdício. Um sistema de transporte “on demand”, ou seja, feito sob demanda dos vereadores e suas equipes, já traria mais eficiência. Outra mudança importante é a prestação de contas do trajeto realizado, para evitar o uso pessoal do recurso público. Transparência nunca é demais.

Sem contar que, durante a pandemia, vimos belo-horizontinos se espremerem dentro de ônibus lotados, enquanto a Prefeitura dava R$ 220 milhões de dinheiro público de maneira completamente irregular para “minimizar os impactos da crise” no bolso dos donos dessas empresas. Sabemos que deixar de usar os carros alugados pela Câmara Municipal e economizar R$ 94 mil por ano não é uma solução prática para preencher o rombo provocado pela benesse dada pelo prefeito. O que queremos é a devida investigação dos possíveis crimes de responsabilidade de Alexandre Kalil. Mas, no mínimo, a economia serve como um grito de revolta diante do escárnio que é feito com o nosso dinheiro.

Vivendo uma crise financeira sem precedentes, cujos sintomas aparecem do número de lojas fechadas no centro da cidade ao aumento do preço da carne, economizar dinheiro público é um dever moral. Enquanto as famílias de Belo Horizonte enfrentam aperto financeiro – muitas até a fome – e sequer têm tranquilidade de comemorar o Natal, é urgente termos mais políticos obcecados por economizar dinheiro público, para que ele possa ser investido naquilo que realmente faz a diferença em nossas vidas: saúde, educação e segurança. Por isso, seguiremos dando o exemplo, trabalhando muito e estampando em letras garrafais o nosso economizômetro.

*Marcela Trópia é Vereadora em Belo Horizonte (MG) pelo NOVO.


Foto: Divulgação

Aviso

As opiniões contidas nos artigos nem sempre representam as posições editoriais do Boletim da Liberdade, tampouco de seus editores.

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