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O destino de Bolsonaro

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O Presidente Jair Bolsonaro chega às vésperas de 2022 sem partido político. Após deixar o PSL no final de 2019, realizou praticamente todo o seu mandato sem ter filiação a um partido, algo inédito na história do país. Embora seu nome tenha boa popularidade para render à legenda que escolher um aumento no número de parlamentares país afora, não se tem um destino ainda definido para o pleito que se avizinha.

Negociações com PRTB e Patriota e até mesmo um retorno ao PSL não vingaram, seja por vontade de caciques políticos, seja por disputas de poder internas nas legendas. No cenário atual, três legendas disputam a filiação de Jair Bolsonaro, oferecendo vantagens e desvantagens em todas as suas opções: PL, PP e PTB.

O PP, comandado pelo atual ministro-chefe da Casa Civil e senador Ciro Nogueira, é um dos maiores partidos do país, com uma bancada de 42 Deputados Federais e 7 Senadores, além dos governadores do Acre e de Roraima. Além disto, Arthur Lira, atual presidente da Câmara dos Deputados, integra os quadros da legenda. O partido é o descendente direto da ARENA, partido de sustentação do Governo Militar, atravessando diversas mudanças de nomenclatura, sendo já chamado de PDS, PPR e PPB até se tornar PP em 2003.

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Jair Bolsonaro já foi integrante dos quadros do PP. Entre 1994 e 2014, todas as suas eleições para deputado federal foram realizadas pela legenda. Embora integre a base governista em Brasília ocupando postos de destaque na política nacional, as negociações vêm esbarrando na estrutura partidária. Em estados do Nordeste, como Bahia, Pernambuco e Ceará, o partido mantém ligações fortes com governos do PT e do PSB, legendas de oposição; João Leão, atual vice-governador da Bahia, estado governado pelo petista Rui Costa, é a personificação dos problemas da negociação, além do comando partidário se negar a dar a Bolsonaro as indicações para as candidaturas ao Senado, uma das condições impostas pelo Presidente da República para sua filiação.

Por outro lado, o PTB, segundo partido mais antigo do país, também está nas negociações. A legenda fundada para dar sustentação política a Getúlio Vargas no pós-Estado Novo decidiu mudar sua linha programática, adotando uma postura mais conservadora em seu estatuto e já vem servindo de abrigo político para alguns apoiadores do Planalto. Embora não tenha o mesma estrutura do PP e uma bancada pequena na Câmara dos Deputados, a legenda trabalhista é bem organizada no país e oferece uma bom ambiente a Bolsonaro, inclusive realizando convite oficial assinado pelos 27 presidentes estaduais. Entretanto, as disputas internas no partido, além da prisão de seu presidente nacional, Roberto Jefferson, fazem com que o PTB viva um clima de instabilidade onde cuidar de seus problemas internos e de uma campanha presidencial se torne um grande desafio.

Recentemente, o PL passou a fazer parte do radar. A legenda, fundada em 1985 pelo então deputado federal Álvaro Valle, surgiu como uma dissidência do PFL (atual DEM, futuro União Brasil). Em 2006, visando atingir a cláusula de barreira, realizou fusão com o PRONA de Enéas Carneiro, passando a adotar o nome PR. Em 2019, voltou as origens e readotou o nome de PL. O partido é comandado desde 2001 por Valdemar da Costa Neto. Envolvido no escândalo do mensalão, renunciou duas vezes ao mandato de Deputado Federal, em 2005 e em 2013, e chegou a ser preso, sendo indultado de sua pena em 2016.

Costa Neto é considerado um dos políticos com maior visão de análise de cenário no país. Em 1998, apoiou a candidatura de Ciro Gomes à Presidência buscando uma terceira via entre FHC e Lula; na época, Ciro obteve uma expressiva votação, obtendo 10,97%; em 2002, foi o primeiro líder do chamado centrão a apostar na vitória de Lula, indicando o então senador José Alencar como vice da chapa petista; em 2018, foi a primeira figura dos bastidores da política nacional a enxergar a viabilidade de uma candidatura de Jair Bolsonaro à Presidência, tendo quase fechado aliança com o PSL; entretanto disputas internas levaram o então PR a entrar na coligação de Geraldo Alckmin (PSDB).

O PL hoje é, junto com o PP, um dos maiores partidos do país. Com 43 deputados federais, 4 senadores e o Governo do Rio de Janeiro, além de ocupar o Ministério da Secretaria de Governo com Flávia Arruda, a legenda não tem tantas disputas internas e não tem a resistência de lideranças locais vinculadas a oposição ao Planalto. Inicialmente, o Senador Jorginho Mello (PL-SC) começou a fazer a interlocução entre Bolsonaro e Costa Neto.

O movimento ficou mais forte após o presidente estadual do PL no Rio de Janeiro, o deputado federal Altineu Cortes (PL-RJ), soltar nota contra a matéria da revista Veja que dizia que o governador Cláudio Castro estaria procurando apoio do PT fluminense para sua eleição, afirmando que o partido estaria comprometido com o projeto eleitoral de Jair Bolsonaro, nota esta compartilhada pelo Senador Flávio Bolsonaro (Patriota/RJ). Recentemente, Valdemar da Costa Neto realizou de maneira oficial o convite para que Bolsonaro passasse a integrar as fileiras da legenda. A imagem de Costa Neto acaba sendo o ponto fraco do PL, com seu nome sendo praticamente uma das marcas do mensalão.

Enquanto adversários como o PT, PDT e o PSDB se organizam para 2022, Jair Bolsonaro ainda não tem casa definida para o pleito presidencial. Já se sabe que Bolsonaro é um grande alavancador de votos, vide a transformação realizada no PSL pós-2018. Mas disputas por controle partidário, situações da política dos estados e até mesmo problemas em negociações fazem com que até o presente momento não se tenha uma definição do caminho partidário a ser tomado pelo Chefe do Executivo Federal, e esta escolha irá impactar o rumo das eleições de 2022.

Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil

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Aviso

As opiniões contidas nos artigos nem sempre representam as posições editoriais do Boletim da Liberdade, tampouco de seus editores.

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