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Desorganização democrata liberal

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O principal assunto nos bastidores da política brasileira nos últimos dias está na fusão entre o DEM e o PSL, que juntos formariam o maior partido do país. Ocorre que esse processo tem diversas particularidades em sua gênese, o que pode ter como consequências principais a morte política de alguns participantes da fusão, ou até mesmo o encerramento das negociações.

DEM e PSL são partidos com culturas e histórias diferentes: o DEM se origina da corrente Frente Liberal do então PDS, partido de sustentação do Governo Militar. A Frente Liberal deixou o PDS após a vitória de Paulo Maluf nas prévias para a eleição presidencial do colégio eleitoral em 1985, derrotando Mário Andreazza. Fundaram o então Partido da Frente Liberal (PFL) e declararam apoio ao então presidenciável Tancredo Neves (PMDB). Graças a divisão no PDS e o apoio de lideranças que migraram para o PFL como Jorge Bornhausen, Marco Maciel, Antônio Carlos Magalhães e do então vice-presidente Aureliano Chaves, Tancredo se saiu vencedor. Posteriormente, o PFL conseguiu grandes resultados eleitorais até 2002.

Com a vitória de Lula, muitos dos eleitos pelo PFL migraram para partidos como PMDB, PP, PL e PTB para integrar a base aliada do governo petista de então, sofrendo processo de esvaziamento que culminou com a troca de nome em 2007, quando passou a se chamar Democratas. Neste processo, o partido quase fundiu-se com o PTB e tornou-se um partido de médio porte no país, sobretudo com a fundação do PSD em 2012 como tentativa de enfraquecimento da oposição, por meio da tentativa de se “extirpar o DEM da política”, como afirmava Lula.

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Após um bom resultado eleitoral nas eleições municipais de 2012, a legenda iniciou um processo de reestruturação que levaram o DEM a retomar papel de protagonista na política nacional, aumentando sua bancada na Câmara dos Deputados e no Senado, além de eleger governadores como Ronaldo Caiado, em Goiás, e Mauro Mendes, em Mato Grosso.

Por outro lado, o PSL foi fundado em 1994 pelo empresário pernambucano do ramo de seguros Luciano Bivar, sempre sendo uma legenda pequena no ambiente político. Antes de 2018, o maior resultado eleitoral da legenda havia sido a eleição de Flamarion Portella ao Governo de Roraima, em 2002. Em 2016, abarcou a corrente liberal Livres em suas fileiras e, no fim de 2017, aceitou receber Jair Bolsonaro em suas fileiras para concorrer a Presidência.

Com a explosão eleitoral de Bolsonaro, o pequeno partido elegeu 53 deputados federais, 4 senadores e 3 governadores, além da eleição de Bolsonaro à Presidência, transformando o PSL em maior partido do país em tempo de TV e acesso aos Fundos Partidário e Eleitoral. Porém, desentendimentos entre Bolsonaro e a cúpula do PSL levaram ao rompimento no fim de 2019.

A fusão do DEM e do PSL, na teoria, criaria o maior partido do Brasil, mas, na prática, esbarraria em diversos problemas, como a diferença de cultura partidária. Se, por um lado, o DEM é um partido estabelecido no país com lideranças claras, o PSL é um saco de gatos comandado por Luciano Bivar que sofre com dificuldades de estabelecimento de lideranças.

Outro ponto a ser citado é que metade da bancada do PSL na Câmara dos Deputados deixará o partido na janela partidária de 2022 para acompanhar o presidente Jair Bolsonaro em sua nova legenda partidária, o que impedirá uma possível crescente no número de parlamentares, assim como diferenças locais também podem promover a saída de parlamentares do DEM, fazendo com que o desejo de uma superbancada não aconteça.

Outro problema da fusão está na divisão de território em diretórios estaduais: para fins de exemplo, no caso do Rio de Janeiro, o deputado federal Sóstenes Cavalcante (DEM-RJ), atual presidente estadual do DEM, já anunciou que caso o presidente estadual do PSL, o prefeito de Belford Roxo Wagner Carneiro (Waguinho), venha a ser o comandante local da nova legenda, deixará a sigla.

Há ainda o risco de a fusão sequer acontecer por outras dificuldades, tais como o choque entre duas culturas partidárias: enquanto o DEM tem uma estrutura mais orgânica, o PSL tem em Bivar seu comandante desde a sua fundação, embora o poderio financeiro que o PSL ganhou em 2018 e a estrutura organizada nacionalmente do DEM possam se completar.

O jogo político desenha-se para 2022 e esta é uma das cenas que movimentam o cenário, influenciando diretamente as decisões que podem definir as escolhas partidárias para candidatos na eleição e inclusive o resultado eleitoral. Aguardar as próximas cenas e as definições são essenciais para pavimentar o horizonte para o pleito que se avizinha.

Foto: Fabio Rodrigues Pozzebom/Agência Brasil

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Aviso

As opiniões contidas nos artigos nem sempre representam as posições editoriais do Boletim da Liberdade, tampouco de seus editores.

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