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Bruno Holanda: Pátria que me pariu e os cortes na reconstrução do Museu Nacional

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POR BRUNO HOLANDA

Em momento de corte de gastos e luta para se manter um orçamento mais enxuto, era de se esperar que os gastos com a manutenção da cultura e da história nacional fossem afetados. A luta para se passar a reforma da Previdência, que daria maior fôlego para o investimento em áreas-chave e a necessidade de cortar certos privilégios para que se economize também no bolso dos políticos é assunto central.

Ao fazer minha visita diária ao “Boletim da Liberdade”, me deparei com um excelente texto da também excelente Letícia Arsênio, colunista do site. Sentindo-me chocado com os gastos com a saúde de congressistas brasileiros e descobrindo que ex-deputados e familiares também têm direito aos benefícios, me senti um paspalho.

Descubro também, no mesmo rompante de notícias escabrosas, que a reconstrução do Museu Nacional, situado no Rio de Janeiro, teve um corte de 11,9 milhões de reais em seu orçamento. O estabelecimento sofreu com um incêndio, devido também a cortes no orçamento e à má administração da receita do mesmo.

Nesse local havia a maior coleção egípcia fora do Egito ou do Reino Unido. Múmias raríssimas, painéis de Portinari e ainda o fóssil humano mais antigo já encontrado no país. Essa é só a ponta do iceberg de conhecimento que estava estocado e exposto na antiga residência da família real portuguesa no Rio de Janeiro.

Enquanto gastamos rios de dinheiro com a saúde de políticos, ex-políticos e seus familiares, o Rio de Janeiro não tem dinheiro para manutenir a história do país e fomentar a visita ao espaço.

Enquanto gastamos rios de dinheiro com a saúde de políticos, ex-políticos e seus familiares, o Rio de Janeiro não tem dinheiro para manutenir a história do país e fomentar a visita ao espaço.

Há que se colocar também neste breve texto a incapacidade dos gestores públicos de buscar alternativas para o orçamento do museu. É claro que o Estado tem uma parcela de dever em manter esses espaços, mas o diagnóstico de que o dinheiro publico não cobre os gastos é antigo e uma alternativa deve ser buscada.

As possibilidades são infinitas nesse quesito. Os vouchers para cultura, podendo fomentar a visitação nos espaços, a busca por investidores privados para complementar o orçamento em troca de peças publicitárias que não descaracterizem o espaço e até mesmo inovações no calendário de eventos de locais como esse devem ser feitas para se maximizar o investimento e ajudar a manter nossa história intacta.

Peço aos nossos gestores para que não deixem essa oportunidade de se modernizarem e de inovarem na gestão da cultura e da história do Brasil passar, já que, na maior parte do tempo, o Estado está mais preocupado em pagar os psiquiatras, super necessários, em Brasília do que em manter o nosso legado.

*Bruno Holanda, formado pela UFF em ciências sociais e membro fundador do LIVRES Rio, trabalha hoje como agente de desenvolvimento na Prefeitura de São João de Meriti e foi coordenador de juventude da Cruz Vermelha Brasileira.

Aviso

As opiniões contidas nos artigos nem sempre representam as posições editoriais do Boletim da Liberdade, tampouco de seus editores.

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