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Todo mundo quer um autocrata para chamar de seu?

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Por Yzaahu Paiva*

Um líder latino-americano populista, que não se rende ao globalismo e ao discurso de direitos humanos, que não tem medo de conduzir o Estado com mão firme. É a descrição de um fenômeno bastante comum, neste século, ligado a um fenômeno de ascensão de presidentes socialistas como Evo Morales e Hugo Chavez. Contudo, se insurge um fenômeno similar que ganha adeptos na direita: Nayib Bukele.

Bukele é o presidente de El Salvador. Ganhou notoriedade por adotar o Bitcoin como moeda oficial de e por uma guerra contra as gangues, devido a isso recebe apoio de alguns conservadores, liberais e libertários por toda a América Latina, inclusive no Brasil onde estes desejam a adoção de suas medidas, principalmente no combate ao crime.

O anseio por caudilhos salvadores da pátria é comum na América Latina, com países sofrem com um passado de colonização e ditaduras, pobreza, desigualdade, corrupção, violência.

O governo de Nayib possui defeitos graves, ainda mais sob o prisma de liberais e conservadores, que geralmente valorizam a liberdade individual e criticam ações que Bukele faz quando são realizadas por governos de esquerda. 

A deterioração democrática ocorre pelo menos desde 2020, quando o presidente utilizou o exército para constranger o congresso nacional a aprovar uma de suas medidas. O absurdo foi prontamente combatido pela Suprema Corte do país, que costumava ser um entrave aos anseios autocráticos de Bukele.

Após a Corte proibir a prisão de indivíduos por furarem o lockdown, Bukele com o apoio do Congresso, de maioria governista, destituiu juízes da suprema corte que impunham limites à sua atuação e colocou juízes simpáticos, atacando a separação de poderes e a independência do judiciário.

Há controvérsias também na estratégia de combate ao crime. O presidente decretou um estado de exceção que já dura mais de um ano, passando por cima de diversos direitos individuais, como a ampla defesa e devido processo legal.

Relatos de tortura e pessoas inocentes presas são constantes, o governo dificulta o contato dos presos com familiares e advogados, bem como são comuns os casos de prisões sem mandados. O trabalho da imprensa e de ONGs que atuam na defesa de direitos humanos também está prejudicado devido à censura.

Por fim, como defensores da liberdade devemos ter em mente que existem valores inegociáveis, como as liberdades civis e políticas, a ideia de que elas devem ser sacrificadas por um bem maior nunca resulta em algo bom e serve como justificativa para governos esmagarem os direitos individuais.

*Yzaahu Paiva é Amazônida, Advogado, ativista pela liberdade e Diretor Nacional da UJL.

Aviso

As opiniões contidas nos artigos nem sempre representam as posições editoriais do Boletim da Liberdade, tampouco de seus editores.

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