O Senado dos Estados Unidos foi formalmente notificado na última quinta-feira (16) sobre as duas denúncias aprovadas na Câmara dos Representantes, em dezembro, para o impeachment do presidente Donald Trump. Para a maioria da casa, Trump cometeu “abuso de poder” e “obstrução do Congresso”. Importante lembrar que a maioria na Câmara dos Representantes é composta pela bancada do Partido Democrata.
A denúncia de abuso de poder se baseia na suposta interferência de Trump na soberania de governo estrangeiro, quando (segundo “fontes”) solicitou ao presidente da Ucrânia investigar o filho de Joe Biden por participações em empresas de energia no país. Biden, além de vice-presidente na gestão Obama, é o líder nas pesquisas das primárias presidenciais pelo Partido Democrata e possível concorrente de Trump nas eleições presidenciais.
A segunda denúncia surge em decorrência da primeira. A “obstrução ao Congresso” se pauta pela alegação que Trump teria impedido membros de sua administração a depor na investigação e se recusado a entregar documentos imprescindíveis para a realização do processo de inquérito.
O julgamento do presidente norte-americano no Senado começa nesta terça-feira (21). Na ocasião, testemunhas de acusação e defesa irão depor, participando ainda sete “gerentes do impeachment” — função esta que é uma espécie de promotor indicado pela presidente da Câmara, a democrata Nancy Pelosi, para defender as teses em apoio aos artigos (denúncias) apresentados e aprovados pela Câmara.
Apesar de todos os esforços impostos pelo Partido Democrata, tudo indica que Trump não sofrerá o impeachment e permanecerá na presidência. A maioria dos senadores pertence ao Partido Republicano e, para que o impeachment seja aprovado, é necessário o apoio de ao menos 2/3 do Senado.
Os republicanos, por sua vez, entendem que as acusações são infundadas e a única intenção dos democratas no processo é eleitoral, pois não teriam aceitado a vitória de Trump nas eleições de 2016 e desejam, agora e a todo custo, impedi-lo de concorrer também nas eleições presidenciais de 2020, uma vez que “não haveria candidatos democratas fortes o suficiente para vencê-lo”.
Os republicanos entendem que as acusações são infundadas e a única intenção dos democratas no processo é eleitoral, pois não teriam aceitado a vitória de Trump nas eleições de 2016 e desejam, agora e a todo custo, impedi-lo de concorrer também nas eleições presidenciais de 2020
Para Trump cair, precisaria que 20 dos 53 senadores republicanos votassem favoráveis ao impeachment. Convenhamos que este cenário é bastante improvável. Sem esses votos, Trump só será votado pelos democratas, o que fortalecerá ainda mais a tese de que tudo foi mera perseguição política.
E por que, apesar disso, a bancada democrata insiste em seguir com a patuscada de um Impeachment fake?
Acompanhando as entrevistas dos principais candidatos, bem como as primárias presidenciais do Partido Democrata, é possível constatar a real fraqueza democrata, com discursos de nicho, direcionados apenas para quem já é adepto da ideologia do partido em defesa da agenda progressista.
Os quatro principais candidatos do Partido Democrata na disputa (Joe Biden, Bernie Sanders, Elizabeth Warren e Pete Buttigieg), estão tecnicamente empatados no caucus de Iowa – estado “termômetro” das primárias para indicação na “Convenção Nacional” que ocorrerá em julho deste ano – de acordo com a última pesquisa do “Monmouth University Polling Institute”, apontando claramente uma indecisão e insatisfação de seus filiados com o “cardápio” apresentado.
Apesar de Joe Biden estar na liderança (24% das intenções dos eleitores de Iowa), sua dificuldade em concatenar pensamentos e frases, além das acusações de seu filho estar envolvido em corrupção junto a empresas ucranianas – o que justamente é o enredo desse processo de impeachment – podem lhe custar a vitória no estado, mesmo ele sendo o candidato com o maior apoio da comunidade afro-americana no país e maior experiência em política internacional.
Ao invés de uma vitória, a insistência em alegações infundadas, baseadas em fofocas de corredores e desafetos de gabinetes, podem custar à agremiação e seus membros não apenas a eleição presidencial, como também as eleições deste ano no Congresso, do qual hoje o Partido Democrata tem maioria na Câmara.
Independente do resultado no julgamento desta terça-feira, Trump sai mais fortalecido nessa batalha, garantindo sua reeleição, enquanto os democratas saem ridicularizados e esmagados por seus egos moldados em “flocos de neve”.
Foto: Reprodução/Facebook White House