O advogado Marcelo Trindade, ex-candidato ao governo do Rio de Janeiro pelo Partido Novo, foi citado pelo ex-ministro do PT, Antonio Palocci, em delação premiada. Segundo informações preliminares divulgadas na noite desta quinta-feira (29) pelo site O Antagonista, Trindade “pressionou o ministro para atuar contra Abilio Diniz” enquanto “representava o grupo francês Casino”. [1]
Trindade é professor de direito da PUC-Rio, ex-conselheiro da Bolsa de Valores de São Paulo e ex-presidente da Comissão de Valores Mobiliários (CVM). Segundo a informação preliminar, não fica claro se Trindade teria ou não cometido algum ato ilegal ou qual tipo de pressão, supostamente, teria feito ao petista.
[wp_ad_camp_1]
Assim que publicada, no entanto, a nota já se tornou arma política nas redes sociais. O ministro Ricardo Salles, do Meio Ambiente, compartilhou o link e provocou o advogado: “Fique tranquilo, Marcelo Trindade, que não entrarei contra você no Conselho de Ética do partido”.
Fique tranquilo @mtrindadenovo que não entrarei contra vc no Conselho de Ética do partido. https://t.co/pd7I5392sj
— Ricardo Salles MMA (@rsallesmma) August 30, 2019
Salles, como noticiado pelo Boletim na Coluna Panorama do último domingo (25), foi alvo de uma representação de Trindade, do deputado estadual Chicão Bulhões (NOVO/RJ) e do ex-candidato Ricardo Rangel que solicitou a suspensão do Ministro dos quadros do Partido Novo.
No início da madrugada desta sexta-feira (30), Trindade respondeu Salles no Twitter e anunciou que iria se desfiliar do partido, mas não parar de apoiá-lo. “Não aceito que minha presença prejudique o partido”, desabafou, sem dar maiores explicações sobre a denúncia.
@rsallesmma ao contrário de você, sei que o NOVO é muito mais importante do que eu, e portanto, apesar dessa baboseira, amanhã mesmo vou me desfiliar (mas não vou parar de apoiar), porque não aceito que minha presença prejudique o partido. Fica a dica. Melhoras da dor de barriga.
— Marcelo Trindade (@mtrindadenovo) August 30, 2019
Polêmicas
Com um patrimônio declarado de R$ 82 milhões, a candidatura de Marcelo Trindade ao governo do Rio de Janeiro pelo Partido Novo em 2018 foi permeada de polêmicas.
Além de ter sido o último pré-candidato anunciado, devido a desistência do técnico de voleibol Bernardinho de entrar no pleito, Trindade não foi abraçado como uma opção de viés de direita pelos eleitores.
A primeira polêmica se deu por Trindade ter tido uma das auxiliares para a construção de seu programa de governo a economista Eduarda de La Rocque. A profissional, além de já ter atuado como conselheira econômica do socialista Marcelo Freixo (PSOL) na campanha à prefeitura do Rio em 2016, publicava opiniões de esquerda em veículos cariocas. Um dos artigos escritos por ela, por exemplo, elogiava Lula e criticava Sérgio Moro.
[wp_ad_camp_1]
O fato gerou uma mobilização de filiados e apoiadores do partido contra a pré-candidatura. O Partido Novo divulgou uma nota, dias depois, dizendo que “ficou evidente” que os posicionamentos de Eduarda possuia “muitas diferenças ideológicas em relação ao NOVO” e que “Trindade percebeu a incompatibilidade da indicação e decidiu revertê-la”. Em nenhum momento, no entanto, Trindade desculpou-se pela nomeação e, nas redes, atribuiu a saída de La Rocque por um pedido de demissão.
Outro destaque negativo da candidatura foi quando foi denunciado que Marcelo Trindade havia doado dinheiro para a campanha do deputado federal Alessandro Molon em 2014, quando ainda era do PT. Na ocasião, ao Boletim da Liberdade, o então candidato ao governo afirmou que a doação havia sido “em reconhecimento ao seu mérito de buscar a atuação política como meio de expressão legítima de suas ideias” e “não significavam adesão às suas posições políticas”.
Ao fim, o advogado obteve 86,8 mil votos, ou 1,14% dos votos válidos, sendo o candidato a governador pelo partido com menor desempenho nas eleições de 2018.
[wp_ad_camp_3]