ENEM segue aparelhado pelo pensamento de esquerda - Coluna Debate Aberto

ENEM segue aparelhado pelo pensamento de esquerda

26.01.2021 08:21

*Douglas Sandri

O ENEM de 2020 repetiu, mais uma vez, a sujeição dos estudantes a questões com alta carga ideológica de visão marxista. Mais uma vez os jovens que sonham uma vaga na universidade tiveram de concordar com premissas absurdas para irem bem na prova. Algumas questões reforçam estereótipos negativos de economias de mercado e acirraram o nós contra eles nas disputas de gênero.

Uma das questões trouxe um poema de André Sant’Anna que descreve Nova York e o modo de vida americano, fala de carros importados da Alemanha e traz como resposta – apontada como a correta por alguns corretores extra-oficiais – uma opção em que o estudante deveria marcar que aqueles versos “explicitam a ganância financeira do capitalismo contemporâneo”, dentre outras que recriminam o “pensamento elitista”. Outras correções apontam que não seria esta a opção correta. Mas ali estavam as frases a serem consideradas pelos alunos.

Outra questão polêmica é a que aborda a diferença salarial entre a jogadora Marta e Neymar, ambos craques das suas seleções. A questão diz que “o suor para estar em competições nacionais e internacionais de alto nível é o mesmo para homens e mulheres, mas não raramente as remunerações são menores para elas”. Trata-se de um fato indiscutível. O jogador de futebol de maior destaque ganha mais do que a jogadora de maior destaque.

O que se discute é a origem desta diferença. A esquerda brasileira diz se tratar de machismo. Os clubes pagariam salários inferiores para as mulheres pura e simplesmente por elas serem mulheres. Nada mais falso. Clubes de futebol vivem de verbas de publicidade e associações. Eles precisam oferecer o tempo todo o que os torcedores e o público em geral está disposto a consumir. Nos dias atuais, imperam as leis do mercado, muito embora em um passado sombrio as mulheres tivessem sido proibidas por leis oficiais absurdas de praticarem o esporte.

Mais uma vez o estudante é conduzido a marcar que o futebol “se caracteriza por uma identidade masculina no Brasil, conferindo melhor remuneração aos jogadores”. A economista Renata Barreto, de vertente liberal-conservadora, que tem no currículo espaço de comentários em veículos como a CNN Brasil e a Jovem Pan, descreveu muito bem o fenômeno ao levantar a questão em suas redes sociais: “a pessoa que faz essa prova, tem que forçar o raciocínio anti-lógico para poder passar”.

Renata coloca muito bem que, se quisermos que as mulheres sejam mais percebidas pelo futebol feminino, as pessoas precisam assistir mais o futebol feminino. Não é uma questão de machismo estrutural, é pura e simples escolha individual de milhões de pessoas mundo afora que assistem futebol masculino. A economista traz um dado importante ao debate. Apesar de ganhar menos do que Neymar e ter recebido cinco vezes o prêmio de melhor do mundo, Marta ganha muito mais do que a média dos jogadores masculinos. No final do mês, no Brasil, 82% dos jogadores receberão apenas um salário mínimo próximo de R$1.000, enquanto Marta percebe uma remuneração de R$180 mil mensais. Uma realidade que está mudando, já que há alguns anos não existia um mercado profissional feminino, que vem crescendo pelo maior interesse dos fãs. Renata lembra que este tipo de questionamento de igualdade não é feito em áreas da formação dominados majoritariamente por mulheres e, ao contrário, tampouco é feito em ambientes de trabalho pesado dominados por homens, como a construção civil.

Fato é que, em 2018, as coisas pareciam ter tomado novo rumo com a expressiva votação nas urnas de um governo que dizia vir a romper com o politicamente correto e barrar a ideologização em sala de aula e nas provas de seleção como é o Enem.

O que se viu foi uma prova esvaziada, que teve o vexaminoso comparecimento de 50% dos inscritos, que continuou carregando sinais de que os ideólogos de esquerda seguem com influência e ditando os rumos da educação dos nossos jovens. Passaram-se três ministros e muitas polêmicas na pasta, mas de efetivo pouco foi feito. O Brasil carece de muitas reformas, a maior delas é a educacional. Precisamos remodelar nosso sistema de ensino, remover o engessamento orçamentário e tirar da mão monopolista do Estado esta função tão nobre que é a de educar, além de barrar a ideologização marxista e o enviesamento anticapitalista que nos afasta dos sistemas de mercado que mais dão certo no mundo.

As provas que avaliam nossos estudantes e definem os que ocuparão as vagas mais disputadas precisam ser eminentemente técnicas, sem espaço para ideologia. Infelizmente a última prova do ENEM só fez repetir mais do mesmo que temos visto nos governos sociais-democratas permissivos com o pensamento marxista.

*Douglas Sandri é assessor parlamentar na Câmara dos Deputados.

Foto: Reprodução/Arquivo pessoal. 

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