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Dois DEM’s, duas medidas

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*Jefferson Viana

A eleição para as presidências da Câmara dos Deputados e do Senado Federal vem marcando o debate político no Brasil nas últimas semanas. E estas disputas vem mostrando a divisão existente dentro do Democratas; o partido que após a eleição de Jair Bolsonaro ganhou poderes que não tinha obtido desde o Governo Fernando Henrique Cardoso ainda quando se chamava PFL, obtendo três ministérios (Saúde, Agricultura e Casa Civil), além das presidências da Câmara e do Senado, respectivamente Rodrigo Maia (DEM-RJ) e Davi Alcolumbre (DEM-AP).

Com o passar do tempo, Rodrigo Maia passou a promover uma agenda própria visando a exposição pessoal, colocando de lado a agenda reformista do Poder Executivo que necessitava de tramitação legislativa como Medidas Provisórias e Projetos de Lei e se aproximando cada vez mais dos partidos de oposição ao Governo Federal. Ainda em 2016 na eleição para a presidência interina da Câmara dos Deputados após a cassação de Eduardo Cunha, o apoio das bancadas de esquerda foi fundamental para que Maia derrotasse o então candidato do Palácio do Planalto comandado por Michel Temer, Rogério Rosso (PSD-DF).

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Já no Senado Federal, embora em muitas situações a temperatura entre Alcolumbre e os integrantes do Executivo Federal ficasse alta, a relação, em comparação com a de Rodrigo Maia sempre foi mais amistosa, como no caso da aprovação do Plano Mansueto, que foi transformado em pauta-bomba por Rodrigo Maia e que passou por ajustes importantes na Câmara alta nas mãos do Senador amapaense. Vale ressaltar também que nas eleições do ano passado o Presidente Jair Bolsonaro apoiou o irmão de Davi Alcolumbre, Joziel Alcolumbre para a Prefeitura de Macapá.

As disputas na Câmara e no Senado mostram uma clara divisão dentro do Democratas: enquanto Rodrigo Maia é o fiador da candidatura do Deputado Baleia Rossi (MDB-SP), candidato apoiado pelos partidos de oposição ao Governo Federal como PT, PSB, PDT e PCdoB e que carrega o mesmo discurso de agenda própria e de ataques sistemáticos ao Poder Executivo em enfrentamento ao candidato apoiado pela base de sustentação do Governo na Câmara, Deputado Arthur Lira (PP-AL), no Senado o partido se coloca com uma candidatura que ganha a adesão da base governista na Câmara Alta com o Senador Rodrigo Pacheco (DEM-MG) contra a candidata apoiada pelo movimento “Muda Senado”, Senadora Simone Tebet (MDB-MS).

Pacheco é um parlamentar próximo do Governador mineiro Romeu Zema (NOVO), apoiador de primeira hora do Presidente Jair Bolsonaro e que tem desafetos em comum com o Presidente da República como o Prefeito de Belo Horizonte Alexandre Kalil (PSD), embora tenha recebido o apoio do partido do alcaide da capital mineira para a Presidência do Senado.

Enquanto Rodrigo Maia e Baleia Rossi tem um perfil mais beligerante, Davi Alcolumbre e Rodrigo Pacheco tem um perfil mais conciliador que vem mostrando a divisão dentro da legenda comandada pelo ex-Deputado Federal e ex-Prefeito de Salvador ACM Neto: se de um lado, o partido se coloca como uma legenda de oposição ao Governo Federal na Câmara dos Deputados apoiando a candidatura do emedebista paulista Baleia Rossi, no Senado o mesmo partido se coloca como uma legenda próxima ao Governo Jair Bolsonaro, viabilizando a candidatura de um parlamentar próximo a aliados do Presidente e que se coloca de maneira mais aprazível ao Palácio do Planalto.

A disputa entre um “DEM de oposição” e um “DEM de governo” pode selar o destino do partido para as eleições de 2022. Caso Rodrigo Maia não consiga alcançar a vitória de Rossi na Câmara e Pacheco vença a eleição no Senado, o grupo governista do DEM que tem como lideranças os Ministros da Cidadania, Deputado Onyx Lorenzoni (DEM-RS) e da Agricultura, Deputada Tereza Cristina (DEM-MS), além dos Governadores de Goiás, Ronaldo Caiado e de Mato Grosso, Mauro Mendes, se sairá mais forte e o partido poderá integrar a base de sustentação do Governo Federal assim como legendas como o PP, PL, PSD e Republicanos.

Mas se caso Rossi saia vencedor e Pacheco perca para Tebet no Senado, tudo indica que o DEM irá compor aliança com o PSDB que tem como atual pré-candidato o Governador de São Paulo João Dória, chapa que se repete desde as eleições de 1994 ainda quando o Democratas ainda se chamava PFL. Por estas razões podemos dizer que as eleições para as presidências das Casas Legislativas mostram “dois DEM´s e duas medidas”, uma de oposição e outra mais governista que pode dizer muito sobre o cenário de 2022.

*Jefferson Viana é acadêmico em História e Secretário Parlamentar da Câmara dos Deputados

Foto: Reprodução/Arquivo pessoal

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Aviso

As opiniões contidas nos artigos nem sempre representam as posições editoriais do Boletim da Liberdade, tampouco de seus editores.

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