Por Natalia Ribeiro*
O livro “O que é o Liberalismo”, de Donald Stewart Jr., introduz a doutrina liberal, oferecendo uma visão ampla, com fundamentos históricos, éticos, políticos e econômicos. Sua mensagem se mantém profundamente atual em meio aos desafios que o Brasil e o mundo enfrentam no século XXI.
Logo na introdução, Stewart Jr. define o liberalismo como “a suprema forma de generosidade”, uma vez que consiste no direito que a maioria concede à minoria, assegurando respeito, tolerância e liberdade individual. Trata-se de uma doutrina que, ao contrário do que muitos imaginam, não protege apenas os mais fortes, mas garante sobretudo a defesa das minorias contra abusos de poder.
Liberalismo como motor do progresso humano
O autor associa o florescimento das ideias liberais ao extraordinário progresso tecnológico e social desde o século XVIII. O livre mercado, a concorrência e a acumulação de capital criaram as condições para inovações que mudaram radicalmente a vida humana. Condenar essas causas enquanto se desfruta dos efeitos é, para Stewart Jr., uma contradição.
Essa reflexão ganha força nos dias atuais, quando muitos usufruem dos avanços da globalização digital, da biotecnologia e da inteligência artificial, mas desconfiam das instituições que possibilitam esse progresso: a liberdade econômica, a concorrência e a iniciativa empreendedora.
Liberdade, responsabilidade e ética
Stewart Jr. ressalta que a liberdade não é dissociada da ética, mas implica responsabilidade individual e respeito à lei. O liberalismo, assim, não é permissividade, mas a defesa de um espaço social em que cada pessoa possa perseguir seus objetivos sem coerção, respeitando os limites do direito alheio.
Esse ponto é crucial no debate contemporâneo: diante de pressões por regulação excessiva e intervenção estatal, o liberalismo recorda que a liberdade exige maturidade cívica e responsabilidade.
O desafio do intervencionismo
O declínio do liberalismo no século XX, descrito por Stewart Jr., mostra como regimes totalitários e políticas intervencionistas corroeram a prosperidade e a liberdade em várias partes do mundo. Sua crítica permanece válida hoje: cada intervenção estatal distorce o processo de transmissão de informações do mercado, reduzindo a eficiência e a inovação.
Em tempos de crises econômicas e sanitárias, cresce a tentação de adotar medidas emergenciais que acabam se tornando permanentes. O alerta de Stewart Jr. é claro: quanto mais se restringem os sinais do mercado, mais se alimenta a desinformação econômica e mais distante fica a sociedade de soluções efetivas.
O Brasil e o liberalismo
No caso brasileiro, a obra destaca a dificuldade histórica em assimilar o liberalismo, frequentemente associado de forma pejorativa ao “neoliberalismo”. Até hoje, parte do debate público trata o termo como sinônimo de insensibilidade social. No entanto, ao contrário disso, o liberalismo preza pela igualdade perante a lei, pela ausência de privilégios e pela criação de condições externas para que cada indivíduo possa desenvolver sua vida interior e espiritual.
Diante de uma sociedade ainda marcada por desigualdades, privilégios corporativos e barreiras à livre iniciativa, as ideias liberais oferecem uma agenda transformadora. O liberalismo traz instrumentos concretos para reduzir a pobreza, ampliar a inovação e fortalecer a democracia.
Conclusão
Donald Stewart Jr. encerra sua reflexão citando Victor Hugo: “Nada é mais forte do que uma ideia cujo tempo chegou.” O liberalismo, entendido como liberdade, propriedade, paz, ordem, justiça e economia de mercado, permanece como a doutrina mais capaz de enfrentar os dilemas de nosso tempo.
Seja no combate ao patrimonialismo, na defesa da concorrência, na valorização da responsabilidade individual ou na proteção das minorias contra arbitrariedades, o liberalismo se mostra atual e necessário. Mais do que uma doutrina, é uma filosofia de vida que reconhece a dignidade de cada pessoa e a coloca no centro do processo de progresso humano.
Natália Ribeiro é membro do Instituto de Formação de Líderes (IFL Brasília)


