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No governo Lula, movimentos estudantis se calam perante corte de R$ 116 milhões na Capes

Relembre como agiram os movimentos estudantis diante de cortes nos governos de Temer e Bolsonaro
Corte na Capes
Foto: Marcello Casal Jr/Agência Brasil

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Em 2019, universitários, cientistas e pesquisadores reuniram-se em protesto na Praça Cinelândia na cidade do Rio de Janeiro (RJ). O motivo da mobilização foi a aprovação do Projeto de Lei Orçamentária Anual (PLOA) que anunciou um corte de R$ 580 milhões do investimento de estudo e pesquisa, o que somaria a perda de 200 mil bolsas de estudo.

Michel Temer (MDB), então presidente, no entanto não chegou a sancionar o projeto. Entretanto o Conselho Superior da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes) enviou ao governo federal um ofício pedindo que o projeto, aprovado no Congresso Nacional, não sofresse vetos.

Na época, o conselho alegava que o corte na verba poderia interromper programas de pesquisas, e ainda “prejudicar a imagem do Brasil no exterior”. Em apoio à carta aberta enviada pelo presidente da Coordenação da Capes, Abílio Baeta Neves, ao então ministro da Educação Rossieli Soares, centenas de estudantes foram às ruas protestar contra o PLOA.

Após a pressão, Temer afirmou que não haveria redução no orçamento da Capes, mas que o governo procuraria soluções para garantir o pagamento das bolsas oferecidas pela instituição.

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Corte de bolsas no governo Bolsonaro

Já em 2022, no final do governo do presidente Jair Messias Bolsonaro (PL), mais de 200 mil estudantes ficaram sem receber a bolsa da Capes. O corte foi resultado do bloqueio de verbas pelo Ministério da Economia.

Na época, o Tesouro Nacional afirmou ao Ministério da Educação que o governo zerou o limite de pagamento das despesas. O corte afetou universidades e institutos federais que dependiam dos repasses do MEC.

Na época, por meio de uma nota, a Capes informou que não teria condições de pagar os bolsistas porque a equipe econômica do governo do presidente Bolsonaro havia zerado os recursos disponíveis para desembolsou da pasta no mês daquele ano.

Mais protestos

Em resposta ao bloqueio dos pagamentos, estudantes e pesquisadores manifestaram na porta das universidades e institutos contra o atraso no pagamento das bolsas. Muitos que dependiam do dinheiro para sobreviver se viram sem meios de comprar comida ou pagar o próprio aluguel. A bolsa, cerca de R$1,5 mil, mantinha mais de 200 mil bolsistas em universidades e centro de pesquisas.

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Movimentos estudantis de todo o Brasil uniram-se para pressionar o poder público e solucionar o problema. Com isto, a União Nacional de Estudantes (UNE) organizou uma paralisação nacional em manifestação contra o corte do orçamento.

Em imagem publicada nas redes sociais, a UNE convidava estudantes às ruas em mobilização. “Com mais um ataque à educação e à ciência brasileira, os estudantes de todo Brasil estão se mobilizando.”, “Nós não aceitaremos pagar a conta caloteira de Bolsonaro e Paulo Guedes (então ministro da economia)”, dizia a legenda da publicação. A hashtag #PagueMinhaBolsa era utilizada por estudantes, pesquisadores e apoiadores da causa.

Sem protestos

É certo que muitos estudantes progressistas esperavam que o governo Lula fosse como um alívio em meio à tempestade, porém a realidade bateu à porta. Em menos de um ano de mandato, o governo atual bloqueou R$ 116 milhões do orçamento da Capes, previstos para este ano.

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De acordo com a presidente do órgão, Mercedes Bustamante, a Capes passou por um bloqueio de verbas no valor de R$ 86 milhões em agosto. Outros R$ 30 milhões também foram cortados da pasta nos últimos meses.

A história se repete, cortes e reduções do que deveria ser um dos principais investimentos do país. Porém, dessa vez, ainda não se ouve os gritos de estudantes na porta das universidades e nas ruas em manifestações como em 2022.

Quando assumiu a presidência, Lula prometeu investir na ciência e tecnologia e, em menos de dois meses, anunciou o reajuste do valor das bolsas de mestrado e doutorado no país. Portanto, a retirada de recursos da Capes surpreendeu o setor científico. A perspectiva é que o orçamento da Capes diminua ainda mais em 2024, com um corte de R$ 128 milhões. Um cenário desanimador para os pesquisadores deste país.   

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