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5 perguntas para o internacionalista Renato Battista

Graduado em Relações Internacionais pela ESPM e pós-graduado em Ciência Política, Battista avalia que eventual invasão russa a país da OTAN representará ameaça real ao mundo livre
Renato Battista (Foto: Divulgação)

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As implicações da invasão russa à Ucrânia ainda estão sendo digeridas pelo mundo ocidental. Para conversar sobre o assunto, o Boletim da Liberdade fez 5 perguntas para o internacionalista Renato Battista, graduado pela ESPM, pós-graduado em Ciência Política e coordenador nacional do MBL. Confira:

Boletim da Liberdade: A Rússia invadiu a Ucrânia, um regime democrático, impondo, após décadas, uma guerra entre Estados na Europa. Como o sr. interpreta esse movimento? Ele guarda semelhança com a expansão nazista?

O componente territorial é o que se pode comparar em alguma medida. O nazismo tinha a questão do “espaço vital”, enquanto Putin tem a ideia do Império Russo se expandir, precisando de mais território para alocar seu povo e garantir mais segurança. Ao mesmo tempo, a expansão russa se dá pela desculpa de que os povos da Ucrânia seriam russos e a invasão se daria para protege-los, enquanto Hitler ao chegar nos eslavos e russos considerava-os inferiores e queria escravizá-los.

Boletim da Liberdade: Já há quem diga que essa invasão será o início de um novo ciclo na geopolítica mundial, onde teremos China e Rússia de um lado e os países democráticos de outro. O sr. acredita nessa tese?

É inegável. É o acontecimento mais importante da geopolítica no século 21. Não existe nenhum paralelo com ele. Este acontecimento representa a completar ruptura da segurança europeia, criada em 1945 para evitar conflitos. Atualmente, os países não estão mais seguros com a Rússia realizando essa invasão. Existe um movimento mundial de junção de autocracias ameaçando a democracia. É uma ameaça ao mundo livre e ao nosso modo de viver.

Boletim da Liberdade: Muitos estão criticando a suposta passividade dos países europeus e também do presidente norte-americano Joe Biden. Como o sr. observa a posição e a reação das outras nações ocidentais?

É difícil falar em passividade. São as maiores sanções econômicas já vistas na história. As pessoas pensam que Biden deveria enviar tropas, mas se houvesse soldados americanos atirando em russos, isso representaria o início da 3ª guerra mundial. A discussão é se, antigamente, a retirada de tropas dos EUA em diversos lugares acabou gerando mais força para os russos.

Boletim da Liberdade: Como o sr. avalia a postura do presidente Jair Bolsonaro neste conflito? Qual deve ser a posição ideal do Brasil?

É um dos momentos mais vergonhosos da história da nossa política externa. Bolsonaro governa pensando em lacrar nas redes sociais ao invés de fazer uma política externa pragmática e voltada pra negócios, igual ele prometeu em campanha. A defesa da soberania é um dos princípios que regem nossa política externa, a partir do momento que Putin viola a soberania de outro país, cabe ao Brasil estar ao lado da Ucrânia.

Boletim da Liberdade: Na avaliação do sr., esse movimento da Rússia é, efetivamente, uma ameaça ao mundo livre ou apenas uma ameaça regional?

Seria uma ameaça ao mundo livre caso ela avançasse sobre um país da OTAN. Pode se tornar uma ameaça real no futuro.

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