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Carta ao Papai Noel

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*Rafael Sirangelo de Abreu

Querido Papai Noel,

Sei que você já deve estar bastante atarefado esse ano, mas depois de um ano tão difícil para mim e para meus parentes próximos, resolvi escrever essa carta para lhe pedir um presente. Eu acho que me comportei o ano inteiro, mas estão dizendo que eu estou me comportando mal e, por isso, muitos ao meu redor me fizeram passar por maus bocados.

Nas redes sociais, eu tenho sido praticamente banida e tenho sofrido nas mãos nos grandões, que toda hora me tiram das brincadeiras e me deixam alguns dias fora, e dizem que estão protegendo os outros coleguinhas. Mesmo nas coisas sérias da escola, ultimamente é sempre o mesmo grupo que pode participar das atividades, e não tem professor ou professora que consiga me ajudar. Os poucos que me ajudam estão sendo afastados ou estão sofrendo como eu.

Os diretores, ao invés de me ajudarem, estão indo na mesma linha. Me disseram que eu tenho que ser controlada, para o meu próprio bem, mas eu não sei o que fiz de errado. Mesmo em lugares onde eu tinha acesso livre e sem problemas, por ter sido escolhida pelos colegas para participar, agora estão dizendo que eu sou muito agressiva e que posso estar causando problemas. Andam dizendo que isso é por causa das eleições, mas não sei não.

Falando em brincadeiras, eu não estou conseguindo mais brincar. As piadas estão cada vez mais estranhas e não tenho visto mais risadas. Eu até entendo a preocupação, mas sempre achei que a hora da brincadeira era a hora da brincadeira, e a hora da coisa séria era a hora da coisa séria. Não adianta alguns amiguinhos tentarem ajudar, parece que todas as brincadeiras perderam a graça.

O pior é que, de uns tempos pra cá, tenho tido muita dificuldade de participar das reuniões familiares e das festinhas dos amigos. Sempre sou recebida aos gritos e, injustamente, acabo tendo que sair da mesa. É sempre o mesmo assunto e, me dizem, eu não posso participar. Dizem que isso é pro meu bem.

Eu sempre fui valorizada, me diziam que eu era uma das pessoas mais importantes da minha família, mas eu me sinto cada vez mais ameaçada e agredida.

Resolvi escrever essa carta, porque a essas alturas acho que só você pode me ajudar. O meu presente para esse ano é que eu possa voltar a viver normalmente.

Um abraço,
Liberdade de Expressão.

*Rafael Sirangelo de Abreu é associado do IEE.


Foto: BiancaVanDijk/Pixabay

Aviso

As opiniões contidas nos artigos nem sempre representam as posições editoriais do Boletim da Liberdade, tampouco de seus editores.

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