*Gustavo Bahmed
Na semana passada, foi votada, na Câmara de Vereadores de Porto Alegre, a reforma da previdência municipal, que visa controlar os gastos públicos. Não passou. Hoje, quarta feira, dia 23 de junho, será submetida à votação novamente, espero que com o resultado diferente. Com 1,5 milhão de habitantes, a cidade tem um custo de R$ 1,2 bilhão ao ano com a previdência. Percebe-se que esse custo não é sustentável.
Para existir um custo, tem de haver alicerces para sustentá-lo, caso contrário o benefício está fadado a sucumbir. As despesas contratadas têm de ser pagas, e para isso a reforma da previdência de Porto Alegre é imprescindível.
Entendo que a democracia é barulhenta e a discussão é fundamental; precisamos ser sensatos. Em Porto Alegre, pouco mais de 1% da população consome 20% do orçamento da cidade. Será que não tem algo errado nessa conta? Porto Alegre tem cerca de 200 mil pessoas vivendo com esgoto a céu aberto, obras inconclusas há décadas, buracos nas vias, iluminação pública precária, dentre outros inúmeros problemas. O custo com a previdência resulta na indisponibilidade de recursos para investir em sérias dificuldades da cidade.
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Os governos de esquerda também sabem: em 2019, nove governadores de estados do Nordeste escrevem carta reconhecendo a necessidade de reformas estruturantes. Flavio Dino (PCdoB), governador do Maranhão, aprova a reforma da previdência de seu estado. Fatima Bezerra (PT) aprova a reforma da previdência do Rio Grande do Norte. Wellington Dias (PT) aprova também a reforma da previdência do Piauí. José Sarto (PDT) aprova a reforma da previdência municipal de Fortaleza. Ainda, Dilma Rousseff, enquanto presidente do Brasil, afirmou a necessidade de se aprovar a reforma da previdência federal.
Fica a reflexão: por que governantes de esquerda, quando estão no poder, aprovam as reformas estruturantes, mas quando são oposição ao governo lutam de forma tão voraz contra o que já sabem ser necessário e fundamental?
Reformas têm um custo político alto, são impopulares, pois seus efeitos de curto prazo são de rejeição, e seus benefícios se darão no longuíssimo prazo. Um país, estado ou município não pode ficar refém de seus gastos. A tendência do político é sempre aumentar o tamanho da máquina pública. Essa é a anatomia do Estado. Nós sociedade precisamos nos unir e ser mais fortes do que ele para podá-lo e controlá-lo.
No curto prazo, suprimem-se benefícios de alguns, ao passo que no longo prazo as contas ficam saudáveis. O centro da questão para caminharmos na direção da prosperidade é a maturidade da sociedade. Para construirmos um governo apto a prestar os serviços adequados, precisamos enxergar o todo e saber ceder aos interesses particulares.
Foto: Jeannifer Machado/CMPA
*Gustavo Bahmed é sócio da Luxton e sócio do IEE
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