
Apesar de longas negociações e o compromisso verbal de que o governo norte-americano apoiaria a entrada do Brasil na OCDE, foi revelado no início da tarde desta quinta-feira (10) pelo site Bloomberg que os EUA apoiaram somente o ingresso da Argentina e da Romênia no grupo, rejeitando novas nações na entidade nesse momento. [1][2][3]
A OCDE, abreviação de Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico, é uma instituição de apoio mútuo na formulação de políticas econômicas e costuma ser considerada um selo de confiabilidade para investimentos internacionais.
Com promessa pública de apoio ao ingresso do Brasil pelo presidente Trump na viagem oficial de Bolsonaro aos Estados Unidos, em março, a notícia foi considerada uma grande vitória do governo e uma possibilidade construída graças ao alinhamento entre os presidentes.
Após receber a notícia, o Ministro da Economia, Paulo Guedes, disse em entrevista que a justificativa dada pelos americanos era “por estratégia”.
“Eles nos disseram que, por questão estratégica, não poderiam indicar o Brasil neste momento, mas não é uma rejeição no mérito. É uma questão de timing, porque há outros países na frente, como a Argentina. Abrir para o Brasil agora significaria ceder à pressão dos europeus, que também querem indicar mais países para o grupo”, afirmou. [4]
Repercussão
Após a notícia, diversas personalidades criticaram duramente a diplomacia brasileira nas redes sociais. Para o analista político Luan Sperandio, a notícia representaria uma “derrota na política externa de Jair Bolsonaro”.
“Não adiantou puxar o saco de Trump, Estados Unidos decidem não apoiar a entrada do Brasil na OCDE. Enfraquece ainda mais a narrativa de que Eduardo Bolsonaro na embaixada de Washington ajudará em algo”, comentou. [5]
Já o deputado federal Marcelo Calero (Cidadania/RJ), ligado ao Livres e diplomata de carreira, pontuou o risco do “alinhamento automático” pretendido por Bolsonaro com os Estados Unidos. “São sinal de deslumbramento e submissão. Não causa outra coisa a não ser frustração e perda de protagonismo”, escreveu. [6]
Em entrevista à jornalista Andrea Sadi à GloboNews exibida nesta quarta-feira (9), o ex-ministro Gustavo Bebbiano, mesmo sem saber da notícia, também havia criticado duramente o núcleo ideológico que cerca o presidente Bolsonaro e, sem citar nomes, fez uma menção indireta a Filipe G. Martins, assessor especial para assuntos internacionais da presidência da República.
Considerado por Bebbiano como inexperiente, Martins faz parte do núcleo ideológico e tido um dos mentores da política de alinhamento automático norte-americano.