Mesmo com escândalos de corrupção, economia peruana cresce 4% em 2018
Analistas associam forte crescimento contínuo à manutenção de principais pilares econômicos e que PIB per capita peruano deve superar o brasileiro nos próximos anos
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Assolada por escândalos de corrupção que envolveram a investigação de quatro ex-presidentes, a economia peruana persiste com um ritmo de elevado e contínuo crescimento econômico nos últimos anos.
O país observou no quadriênio 2015-2018 um crescimento médio de 3,5%, contra queda de -1,2% para o Brasil no mesmo período, segundo dados do FMI.
Para o período de 2019-2020, o FMI projeta um crescimento médio de 4% para o Peru, contra 2,3% para o Brasil.
Os fortes resultados de PIB confirmam que a queda do ex-presidente Pedro Pablo Kuczynski, que foi substituído, no ano passado, pelo seu vice, Martín Vizcarra, não teve impacto significativo sobre a saúde da economia.

Escândalo de Corrupção

Na última quarta-feira (17), desdobramentos da operação em território peruano tiveram um momento marcante com o suicídio do ex-presidente Alan García, quando a polícia tentava prendê-lo. Ele era acusado de receber propina da empreiteira Odebrecht durante seu segundo mandato, entre 2006 e 2011 – o que García negava.
Além de Alan García (1949-2019), que governou o país duas vezes (entre 1985-1990 e entre 2006-2011), os ex-presidentes Alejandro Toledo (2001-2006), Ollanta Humala (2011-2016) e Pedro Pablo Kuczynski (2016-2018) respondem judicialmente a processos decorrentes das investigações da Operação Lava Jato.
Uma das principais líderes da oposição, Keiko Fujimori, filha do ex-presidente Alberto Fujimori, também foi acusada de receber irregularmente dinheiro da Odebrecht para suas campanhas políticas.
Manutenção dos pilares econômicos

Segundo matéria publicada pelo site BBC News Brasil, analistas consideram que a economia peruana completou vinte anos consecutivos de crescimento e estabilidade.
Uma das razões para esta trajetória ininterrupta de crescimento se deveu à manutenção dos principais pilares econômicos: abertura do mercado, ambiente de previsibilidade para investimentos estrangeiros, livre comércio, inflação e gastos baixos. [1]
Os indicadores de liberdade econômica da Heritage Foundation, confirmam o cenário avaliado para o país. O Peru é situado em 45o no ranking mundial de liberdade econômica, contra 150o no Brasil.
O indicador é calculado a partir da avaliação de quatro categorias: abertura ao comércio exterior, tamanho do governo, proteção a direitos de propriedade e eficiência regulatória.
Os indicadores peruanos também apontam para resultados macroeconômicos mais favoráveis que os brasileiros. A inflação peruana, no ano de 2018, observou taxa de 2,8%, contra 3,4% da brasileira.
A dívida pública, que mede o total de estoque de dívidas e obrigações mantidas pelo governo, alcança o patamar de 25,5%. O Brasil observa um nível de 84%.
Os resultados de desemprego também apresentam menor nível na comparação ao Brasil, de 3,6% contra 13,3%, respectivamente. Os dados correspondem à média anual de 2018.
Brasil | Peru | |
População (milhões) | 207,7 | 31,8 |
PIB (bilhões em dólares PPP) | 3240,3 | 424,4 |
PIB per capita (em dólares PPP) | 15603 | 13334 |
Desemprego (em %) | 13,3 | 3,6 |
Inflação (em %) | 3,4 | 2,8 |
Dívida Pública (em % do PIB) | 84,0 | 25,5 |
Índice de Liberdade econômica (ranking mundial) | 150 | 45 |
Fonte: Heritage Foundation 2018
Outros fatores apontados pelos analistas para o baixo impacto dos escândalos da Odebrecht na economia peruana estão a alta diversificação da economia (que abrange da mineração e produtos do ramo agroindustrial a turismo), a maior exposição aos mercados exteriores asiáticos e menor peso do setor de obras públicas na economia agregada (inferior a 3% do PIB).
Renda per capita peruana deve superar a brasileira
A renda per capita peruana (US$ 13,3 mil), que hoje se situa levemente abaixo da brasileira (US$15,6 mil) no ano de 2018, deve ultrapassar a brasileira nos próximos anos.
Em post publicado neste domingo nas redes sociais, o economista Ricardo Amorim afirmou que em 1980, cada brasileiro ganhava em média 56% mais do que um peruano; hoje a diferença é só de 14%. No mesmo período, o brasileiro ganhava em média 79% mais do que o colombiano; hoje a diferença é só de 7%. [2]
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