No último sábado (22), a revista Época publicou uma longa matéria destacando o advento do que chama de “onda liberal” nas universidades brasileiras. O texto dos jornalistas Ruan de Sousa Gabriel e Tiago Aguiar enfoca a organização e os triunfos de núcleos estudantis liberais e conservadores nas principais faculdades do país. [1]
O texto começa mencionando a vitória da chapa liberal Aliança pela Liberdade para comandar o Diretório Central dos Estudantes da Universidade de Brasília, com uma diferença de 16 pontos percentuais para a segunda colocada, “que reuniu quase todas as tendências esquerdistas do campus”. Segundo a matéria, o grupo vencedor, que não se alinha ao bolsonarismo e é identificado como defensor de um “liberalismo raiz”, nas palavras do presidente André Costa, é apartidário, plural e pragmático.
No entanto, muito além do grupo vencedor em Brasília, a matéria registra que diversas “chapas de direita” nas universidades vêm tentando “desalojar a esquerda, que costuma ocupar essas entidades e tem um fraco por greves estudantis, ocupações e discussões sobre conjuntura política”. A estratégia desses grupos, com algum sucesso, é mostrar que não pretendem debater política no campus, mas encontrar soluções para os problemas diretos da própria universidade.
O texto ainda relaciona o caso da Universidade Federal do Paraná, em que a UFPR Livre se organizou em 2016 como forma de se contrapor às ocupações de colégios e universidades contra a PEC do teto dos gastos públicos. O fundador, Bruno Kaiser, falou à revista: “Queremos disseminar ideias liberais no ambiente acadêmico, valores como liberdade individual, defesa da propriedade privada e do livre mercado, empreendedorismo e limitação do estado”.
[wp_ad_camp_1]
Opiniões de professores
Além dos grupos locais, entre eles sendo citado ainda o Chapa Zero, da Universidade Federal de Santa Catarina, o Ateneu Pernambucano, da Universidade Federal de Pernambuco, e o próprio recém-criado MBL Estudantil, a matéria registra que está em formação a UniLivres, que pretende ser a entidade representativa dos estudantes de direita na universidade. Os diversos grupos teriam em conjunto a ideia de que autores como Ludwig von Mises, Friedrich Hayek e Ayn Rand são negligenciados na bibliografia universitária.
O cientista político Luis Felipe Miguel, professor da UnB, acredita que as fundações e institutos liberais que se estabeleceram no país estão diretamente ligadas a essa “onda liberal”. Ele ofereceu cursos sobre o impeachment de Dilma Rousseff, que chamou de “golpe”, e afirmou que trabalha em seus cursos autores como Locke e Hayek.
Já o filósofo Luiz Felipe Pondé é mencionado por acreditar que a esquerda universitária cometeu erros, entre eles, o autoritarismo, e isso colaborou para a ascensão da direita universitária. O texto termina com a opinião da presidente da União Nacional dos Estudantes, Mariana Dias, que não acredita no crescimento sustentável desses grupos. “Quando o MBL, ou qualquer outro grupo, fizer campanha na universidade pública defendendo o fim da gratuidade, quero ver quantos votos eles vão conseguir.”
[wp_ad_camp_3]