O economista Joel Pinheiro da Fonseca, colunista do jornal Folha de S. Paulo, publicou na noite desta quinta-feira (17) um vídeo onde comentou sobre a recente polêmica das agências de fact-checking e sua parceria com o Facebook. O intelectual teceu uma crítica às agências, mas, considerou “histérica” a reação de muitos formadores de opinião sobre o fato. [1]
“As checagens têm um papel de avaliar fatos, discussões e afirmações que circulam mais na nossa discussão política e ideológica. Especificamente, em ano de eleição, frases e afirmações de candidatos e formadores de opinião”, defendeu Joel.
Segundo ele, que foi presidente do conselho consultivo do então Estudantes Pela Liberdade (atual Students for Liberty Brasil) e palestrante de eventos liberais Brasil afora, “muita gente da direita, com sensacionalismo, tem levantado [a ameaça de censura] de forma bastante histérica”. Mas disse que o temor tem razão de ser:
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“Se a gente não garantir que existe alguma isenção, alguma garantia de objetividade e imparcialidade, isso pode facilmente acontecer. Sem dúvida nenhuma, o Facebook está mais alinhado a valores mais progressistas, de esquerda”, explicou, considerando que existem duas maneiras pelas quais as agências poderiam ser mais objetivas.
“A primeira [maneira] é trabalhar mais pela metodologia da coisa. Por tudo o que eu li até agora, tanto a Lupa quanto a Aos Fatos, que são as duas agências que receberam do Facebook esse poder [de verificar e reduzir o impacto de publicações na rede social] têm feito um trabalho sério”, iniciou Joel. Sobre o segundo ponto, o colunista observou, no entanto, que em tempos de alta polarização, as pessoas “confiam menos com base em argumentos e nos fatos e mais de onde ele veio, de qual a fonte da informação”. Nesse ponto, as agências estariam falhando.
Diversidade interna
Para o intelectual, as três principais agências que se propõem como verificadoras de notícias têm tido um perfil claramente de esquerda. “Isso porque seu staff, isto é, as pessoas que trabalham nelas, são em sua grande maioria de esquerda. […] O fato de ter muita gente do mesmo viés ideológico nessas agências facilita muito que elas tenham o mesmo viés para algum lado, que tenham algum ponto cego na hora de analisar e que, mesmo cumprindo todos os requisitos formais da metodologia, pode ser mais leniente com um lado, mais rigoroso com outro”, explicou, exemplificando o caso de Guilherme Boulos, que uma agência confirmou uma estatística exagerada dada pelo pré-candidato.
“O Truco, da [Agência] Pública, fez uma avaliação do Guilherme Boulos no Roda Viva com extrema leniência. Ele disse que seis milhões de pessoas não têm casa no Brasil e eles consideraram que era [uma afirmação] verdadeira. Liberais do [Instituto] Mercado Popular entraram nessa afirmação, foram ver o índice, e disseram que o que o índice estava mostrando era muito distante dessa ideia de que existiam seis milhões de pessoas sem casa. Quem está realmente sem casa no Brasil é um número muito menor. E mostraram isso com muita propriedade”, comentou.
“Se essa agência tivesse dentro dela pessoas com diferentes opiniões, com diferentes lados do espectro ideológico, essa discussão já teria acontecido ali dentro. O trabalho estaria mais rico. Teria mais qualidade nas averiguações e no trabalho de checagem dos fatos. O serviço melhora quando você tem pessoas com diversos pontos de vista”, concluiu.
No dia 11 de maio, o Boletim da Liberdade entrou em contato com a Agência Lupa, uma das escolhidas pelo Facebook para verificação das notícias na rede social, perguntando se a empresa tem posicionamento ideológico ou possui mecanismos internos para evitar análises enviesadas. Passados sete dias desde o contato, não houve resposta.
Spotniks como agência de fact-checking?
Rodrigo da Silva, editor do site Spotniks, um dos sites mais acessados do meio liberal, posicionou-se também nesta quinta-feira (17) sobre a possibilidade de o projeto evoluir para tornar-se uma agência verificadora de notícias.
No Twitter, ele afirmou, porém, que isso não aconteceu ainda porque “falta grana”. “Se alguma empresa ou think tank possui interesse em bancar essa atividade aceitando não se envolver com o processo, o espaço sempre esteve aberto”, disse. [2]
Depois, explicou que uma agência demanda “bons profissionais, focados integralmente nisso, e estrutura”. [3]
Muitas pessoas questionam por que o @spotniks não monta uma agência de fact-checking. A resposta é: porque isso custa grana. Se alguma empresa/think tank possui interesse em bancar essa atividade *aceitando não se envolver com o processo editorial* o espaço sempre esteve aberto.
— Rodrigo da Silva (@rodrigodasilva) 17 de maio de 2018
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