
Geralmente evasivo quando perguntado sobre economia, o deputado federal e pré-candidato à presidência Jair Bolsonaro (sem partido) publicou na tarde da última sexta-feira (4) uma declaração que gerou reações diversas no ecossistema pró-liberdade. Em sua conta no Twitter, o parlamentar afirmou que “precisamos de Banco Central independente para definir metas, diminuir juros, reduzir inflação e obter previsibilidade econômica”.
Apontado como assessor de Jair Bolsonaro em assuntos econômicos, o economista e pesquisador do IPEA Adolfo Sachsida afirmou que, após a declaração, “está ficando difícil para os críticos”. Em junho, Sachsida, que também é colunista do tradicional Instituto Liberal do Rio de Janeiro, anunciou publicamente apoio ao parlamentar por considerar necessário “trocar todo establishment político, intelectual e empresarial”.
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O economista e analista político Rodrigo Constantino, por sua vez, teceu um breve comentário na manhã deste sábado (4) dizendo que o “mito” estava “aprendendo rápido”. Mas nem todas as reações foram favoráveis a Bolsonaro.

O Instituto Liberal de São Paulo, geralmente mais crítico ao parlamentar, fez uma singela provocação em sua página no Facebook: “Não precisamos do Banco Central”. Em seguida, o ILISP divulgou um link convidando os seguidores a lerem o livro Desestatização do Dinheiro, de Friedrich Hayek, disponibilizado gratuitamente no site do Instituto Mises Brasil. Por essa mesma linha, seguiu o empresário Roberto Rachewsky, ex-presidente do tradicional Instituto de Estudos Empresariais, do Rio Grande do Sul:
“Presumo que alguém tenha soprado no ouvido [de Jair Bolsonaro] a mensagem e ele repetiu sem pestanejar. Ocorre que a tuitada dele é uma furada, condenada por qualquer liberal mais radical”, escreveu em seu perfil no Facebook. Em seguida, compartilhou um artigo de sua própria autoria e publicado no jornal Zero Hora em 2014. Ali, ele diz que, mais importante do que tornar o Banco Central independente, é “acabar com o curso legal forçado da moeda nacional, que nos obriga a aceitá-la sob pena de punição”.
“Quem precisa de independência do Banco Central, e do governo em geral, somos nós. Queremos ter liberdade para contratar, comprar, estocar ou vender o que quisermos, em qualquer moeda, seja ela estrangeira ou local. […] Banco Central e moeda com curso legal forçado são instrumentos de coerção do governo para nos submeter e espoliar”, diz o artigo.