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Uma mulher e muitas atitudes

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Edith Piaf é a história de uma vida sofrida, mas bela. “Mas”? Não. Uma vida sofrida e bela, porque a beleza da vida da Edith Piaf está na capacidade que ela deve para superar os obstáculos cruéis que a vida colocou diante dela. “Capacidade”? Não. Força e convicção. Edith, algumas vezes, alertou: “Não é pelo sofrimento que damos valor às coisas?” E “Se tudo vai mal, só pode melhorar. Então, melhorará. Fatalmente, há esperança quando tudo vai mal”.

Sem conhecer a história da Edith Piaf, dificilmente se entenderá o peso dessas palavras, como também não o quanto tem dela na música e na letra de “non, je ne regrette rien”. Traduzido: “Não! Eu não lamento nada! Nem o bem que me fizeram. Nem o mal, isso tudo me é bem indiferente!”. Houve homens na vida de Piaf que lhe fizeram bem e outros que muito mal, mas a todos, indistintamente, a todos, Piaf recompensou com o que podia fazer de melhor.

Quem não conhece a história dessa mulher e pretende conhecer pode tê-la, por inteiro, em filmes, entrevistas e livros, um em especial, “Piaf uma vida”, de Carolyn Burke. Na linha dos documentários, há um muito bom, “Os últimos dias de um ícone”, narrado pela Sandy, uma boa surpresa. Desse documentário vem a história que separei para este espaço, que sabe lidar com o Estado. Conhece bem os problemas que ele nos causa e as fábulas às quais ele dá vida. Uma delas, a de que a cultura para ser feliz depende dele e de seus agentes.

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No início da década de 60, o Olympia estava praticamente falido, prestes a fechar as portas. Já tinha demitido todo o pessoal. Bruno Coquatrix, diretor e proprietário do espaço, desesperado, visitou Piaf, para pedir a ajuda dela.

Por aqui, ele, certamente, teria ido bater às portas de um político influente para conseguir arrumar o dinheiro, quem sabe, uma emenda parlamentar ao Orçamento Público! Mas, ele foi buscar a ajuda de quem, pela arte, entenderia o valor do Olympia.

Piaf estava fora dos palcos há mais de um ano. Tinha recebido a visita de Charles Dumont e Michael Voucaire, autores de “non, je ne regrette rien”. Piaf juntou as peças e reabriu o Olympia. Contratado para 30 dias, o show ficou em cartaz dois meses, em razão do sucesso, com 100 apresentações e, algumas vezes, duas num mesmo dia.

Piaf já estava doente e a relação dela com a doença e o palco foi outra lição de vida e superação. O Olympia renasceu. A carta que ela recebeu do proprietário, Bruno Coquatrix, diz tudo: “Querida Edith, você fez um milagre ao superar de novo todos os espíritos do mal (…). Você fez outro milagre por aguentar dois meses. Estou envergonhado. Você me deu seu talento, a sua genialidade mas, acima de tudo, parte de sua determinação e da sua força física. Na verdade, você me deu parte de você”.

Caminho para a conclusão, com uma frase que está no final do livro “Mulheres e Poder”, das escritoras Débora Thomé e Hildete Pereira de Melo: “Durante a história e também na construção deste livro, vimos como as mulheres tentaram por diversos caminhos, romper com os tetos de vidro que as sociedades lhes impuseram. De vidro porque eram quase invisíveis, possíveis de quebrar, mas limitantes do seu crescimento”.

Nessa frase está Edith Piaf, assim como estão outras mulheres que souberam ultrapassar as dificuldades, por maiores que fossem, com o simples desejo de oferecerem o que têm de melhor à sociedade, mesmo quando ela as oprime.

E não há como falar de opressão sem citar que para todos nós, o Estado sem controle e autoridade absoluta como acontece aqui, é opressor e, em sendo assim, fere muito mais as mulheres, porque os espaços que elas ocupam na política ainda é bem menor do que poderia ser.

Retorno ao livro da Débora e Hildete: “O Brasil tem um enorme esforço a fazer, por ocupar um dos últimos lugares no ranking da presença feminina nos parlamentos da América Latina e do mundo. A política sempre foi um espaço masculino e hostil para as mulheres que, historicamente, tiveram sua atuação restrita ao espaço doméstico”.

Estou certo das dificuldades encontradas pelas mulheres para terem participação maior na política, uma situação que passou pela proibição de exercer o voto, criou nas mulheres um sentimento mais forte pela liberdade, essência de quem deseja que o Estado atenha-se ao papel de garantidor dos direitos e de servidor público.

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Aviso

As opiniões contidas nos artigos nem sempre representam as posições editoriais do Boletim da Liberdade, tampouco de seus editores.

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