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Os liberais e o resgate da capacidade de pensar

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JULIANA BENÍCIO*

Com o surgimento dos estados modernos, o pensamento político começou a ser organizado em diferentes ideologias. O objetivo principal de uma ideologia é criar um conjunto de princípios e ideias sobre como a sociedade deveria se estruturar nos âmbitos sociais, culturais e econômicos. Esses princípios e ideias são norteadores para solução de dilemas morais que a sociedade se depara.

Para se manterem vivas, as ideologias passaram a ser refletidas à luz do contexto social presente. Novos autores surgem para questionar e modernizar as ideologias. A revisão e atualização são movimentos saudáveis e necessários para que uma ideologia continue sendo norte para uma sociedade.

Infelizmente, hoje, no Brasil, as ideologias não conseguem mais pensar.

As ideologias viraram exércitos. Exércitos formados por militantes com pouca capacidade de argumentação. Que lacram em mídias sociais sem qualquer comprometimento com arcabouço teórico ou reflexões contemporâneas.

Os “soldados” ideológicos estão sendo operacionalizados por oportunistas, que criam guerras pautadas em rótulos antiquados, de fácil compreensão pela massa, mas que não guardam nenhum vínculo com a realidade ou com a capacidade reflexiva que uma ideologia precisa.

O liberalismo também está sendo instrumentalizado pelo exército da lacração. Pseudo liberais que prendem seus seguidores em rótulos; que decidem o que é “permitido” e “não permitido” dentro de um suposto escopo liberal. Chegamos a ouvir absurdos como: “liberal não usa mascara”; “liberal não apoia vacinação compulsória”; “liberal não defende cota”; “liberal não assina carta com Ciro Gomes”; “liberal não pode criticar a ação policial”. Eles mais parecem gurus de autoajuda indicando como devemos nos posicionar nas redes para sermos considerados “liberais”. Seus seguidores não detém o direito da escolha individual, mas a obrigação do compartilhamento automático. Vergonha. No liberalismo, assim como em qualquer outra ideologia, não há espaço para gurus. Além de serem inócuos, suas posturas já mostram que a distância entre a teoria e a prática é imensa.

Uma ideologia não precisa de militantes, mas de pensadores. Uma ideologia não precisa de rótulos, mas de princípios.

Já dizia Ayn Rand: “O argumento pela intimidação é uma confissão de impotência intelectual”. E o pensamento político brasileiro está dominado pela intimidação.

Nesse mundo ainda perdido por mudanças mais aceleradas que o indivíduo consegue assimilar, acredito na capacidade dos verdadeiros liberais liderarem o resgate do pensamento político, de oferecerem reduto moral para essa legião de pessoas presas em falsas guerras ideológicas. Acredito que, no fundo, o brasileiro está cansado dessa guerra, mas não encontra um ambiente seguro para acolher sua esperança.

Os liberais precisam resgatar a necessidade da reflexão. Reflexão pautada na razoabilidade e na ponderação.

Os liberais precisam inspirar as pessoas a reconhecerem sua importância na construção da política que queremos. Uma política pacificada, elegante e civilizatória.

Os liberais precisam promover um ambiente de ideológico que pense a liberdade de forma democrática e conciliadora.

Só os verdadeiros liberais podem fazer isso: lutar pela liberdade do liberalismo!

*Juliana Benicio é doutora em Engenharia de Produção e autora do livro “A política e a vida real”

Aviso

As opiniões contidas nos artigos nem sempre representam as posições editoriais do Boletim da Liberdade, tampouco de seus editores.

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