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Beatriz Nóbrega: ‘O Nordeste em Movimento é mais uma boa lição da mudança de cultura organizacional da Uber’

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BEATRIZ NÓBREGA*

Há dois anos, a Uber precisou começar a buscar formas de superar crises, que interna e externamente ameaçaram um dos modelos de negócios mais disruptivos do mundo. Dos problemas e insatisfação de motoristas e clientes a uma tóxica realidade de assédios e agressividade no ambiente organizacional, a empresa viu seu CEO e fundador abrir mão do posto para que ela pudesse sobreviver. Deficitária, a Uber precisou se reinventar.

O gestor agressivo deu lugar a um que busca garantir à empresa o seu modelo conectado com os anseios da sociedade atual. A startup que assediava as poucas mulheres que empregava, hoje as tem no comando. Um bom exemplo disso é a chefe executiva da Uber Brasil, Claudia Woods.

O modelo, antes autocentrado, aprendeu a ouvir e atender os seus parceiros, motoristas e clientes. Tanto foi que hoje se importa em criar e destinar recursos para projetos como o Nordeste em Movimento, com edital público que oferece duzentos mil reais para apoiar organizações e pessoas físicas engajadas na limpeza das praias e na reestruturação das áreas prejudicadas pelo óleo no nordeste brasileiro.

No anúncio oficial do projeto, a empresa relata como se sensibilizou ao saber que seus motoristas estavam paralisando as suas atividades para ajudar na retirada do óleo. Esse foi um dos mais fortes motivos para que criassem algo que se dedicasse a apoiar aqueles que conhecem a realidade local, seja com iniciativas de conservação e recuperação ambiental, seja na geração de oportunidades econômicas.

Eis, então, uma primeira lição a ser tirada do Nordeste em Movimento: para se construir globalmente, é preciso viver localmente.

“Eis, então, uma primeira lição a ser tirada do Nordeste em Movimento: para se construir globalmente, é preciso viver localmente.”

Se importar com a vida real de cada integrante na rede que a movimenta, mostra que a Uber entendeu a realidade onde a expectativa da população é, exatamente, que as organizações sejam capazes de dar exemplo de liderança na transformação do mundo. Que se conecte com o seu usuário, inclusive, nas causas que o atingem pessoalmente, direta ou indiretamente. Que tenha afetividade pelo o que é próximo da realidade de cada qual que usa os seus serviços.

No Brasil, a política de auxílio a desastres tem mostrado consistência e adaptabilidade à cada situação. Isso é bom. Na tragédia de Brumadinho, criou no Uber Eats uma loja que permitia ao usuário, de qualquer cidade que o app atendesse, destinar donativos aos atingidos. Fez parcerias para atender às vítimas das enchentes que assolaram o Rio de Janeiro. E, agora, entende que o melhor modelo para as praias é estimular projetos de quem conhece a realidade local.

Temos aqui a segunda grande lição: É importante crer na livre iniciativa e estimular pessoas comuns a serem protagonistas na solução de problemas sociais.

Ver uma empresa do tamanho da Uber criar uma iniciativa que aposta no grassroots ainda não é algo comum. Mostra uma política que merece ser adotada não só por empresas, mas por governos e comunidades: empoderar indivíduos para que se vejam capazes de mudar a própria realidade e daqueles que estão ao seu redor.

Para continuar, é preciso lembrar que, no segundo trimestre desse ano, o balanço da Uber foi negativo em 5,23 bilhões de dólares. Para ir ainda mais fundo: a empresa nunca operou fora do vermelho. Ainda assim, é preciso dar os méritos a quem não abriu mão da inovação. Seja em produtos, que vão dos bem conhecidos aplicativos de carona e entregas ao desenvolvimento de carros voadores. Seja em iniciativas, como a que motivou esse artigo. A Uber tem sido fiel a essa visão inovadora e à consciência que resultados podem vir a longo prazo, caminhado para o seu turning point da lucratividade, previsto para o próximo ano.

Criada com o slogan de Be your own boss (seja seu próprio chefe), com iniciativas dignas de Be your own government (Seja o seu próprio governo), é preciso dar à Uber o reconhecimento de quem tem sido capaz de se reinventar a partir de conceder poder às pessoas e fortalecer os locais onde opera. O Nordeste em Movimento mostra-se um bom exemplo disso.

*Beatriz Nóbrega é Consultora Política para o Ideias Radicais e Coordenadora Regional do Students for Liberty.

Aviso

As opiniões contidas nos artigos nem sempre representam as posições editoriais do Boletim da Liberdade, tampouco de seus editores.

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