fbpx

Brasil, império da promiscuidade

Compartilhe

Escrito pelo assinante Sergio Moura

Embora a CF88 afirme que os três poderes, Executivo, Legislativo e Judiciário, são independentes, eles são, na realidade, promíscuos entre si. Não é de se estranhar, sendo, como é, a CF88, uma fieira de hipocrisias.

Pelo bom senso, esperar-se-ia que o Executivo executasse, o Legislativo legislasse e o Judiciário julgasse. No entanto, a CF88, além de abster-se de declarar que cabe ao Legislativo a missão de legislar, determina que o protagonista em legislar é o Executivo, e que o Legislativo, submetido a mero figurante em legislar, também execute e julgue, e que o Judiciário também execute e legisle.

A comprovação é fácil: está nos artigos 48, 49, 53, 55, 56, 61, 64 e 84 da CF88, principalmente.

Quais são as consequências malignas dessa confusão?

Primeiro, que os parlamentares vivem na órbita do Executivo e não se sentem responsáveis pelo futuro do povo. Prova disso é que das 200 leis, em média, que aprovamos por ano, somente 30 são de iniciativa deles, a maioria irrelevantes, como declarar a cidade de Bastos, SP, Cidade Nacional do Ovo.

Segundo, que nossos sete presidentes da República, nos últimos 30 anos, trabalharam aos soluços: emitiram 1.463 medidas provisórias, cerca de uma por semana, que só são admitidas “em caso de relevência e urgência”. Uma urgência por semana.

Terceiro, que, ao assumir a Presidência da República, o presidente do STF passa a ser parte e juiz no mesmo processo, coisa que o menos distraído primeiranista de Direito jamais aceitaria, mas os doutos  constituintes consagraram.

Quarto, que, ao assumir a Presidência da República, o presidente da Câmara dos Deputados passa a poder sancionar projetos de lei que ele mesmo enviou para sanção, como aconteceu recentemente com o projeto que isentou prefeitos dos rigores da lei de responsabilidade fiscal, um claro conflto de interesses.

Pode? Segundo o Michaelis, ambiente promíscuo é aquele “constituído de elementos desordenados, confuso, misturado”, antônimo da ordem da bandeira nacional. Quem diz que promiscuidade contribui para a prosperidade?

*Artigo escrito e enviado pelo assinante Sergio Moura, advogado, Fellow do Institute of Brazilian Issues da George Washington University, autor do livro Podemos ser prósperos – se os políticos deixarem

Aviso

As opiniões contidas nos artigos nem sempre representam as posições editoriais do Boletim da Liberdade, tampouco de seus editores.

plugins premium WordPress
Are you sure want to unlock this post?
Unlock left : 0
Are you sure want to cancel subscription?