Por Yuri Quadros*
Em 10 de setembro, Charlie Kirk foi assassinado. E com ele, algo mais morreu: nossa inocência sobre até onde pode chegar o ódio político disfarçado de justiça social.
Nos dias seguintes, vimos o melhor e o pior da humanidade. Adversários prestaram homenagens respeitosas a um pai de família que defendia o debate de ideias. Mas também vimos gente comemorando nas redes – professores, estudantes, até servidores públicos aplaudindo a morte de quem ousava discordar. Não foi apenas um homicídio político. Foi um ataque direto ao que torna a democracia possível: o direito de pensar diferente sem temer pela vida.
O deputado Nikolas Ferreira capturou a essência do momento em um vídeo que, mesmo censurado como “sensível”, viralizou com milhões de views: “Eles não matam você por ser extremista. Eles chamam você de extremista para poder te matar. A violência começa com a linguagem.”É exatamente isso. Durante anos, a esquerda construiu um discurso em que qualquer divergência vira “fascismo” e todo opositor se torna “extremista”. Figuras como Jones Manoel instigam abertamente o ódio contra patrões e políticos de direita. O resultado? Um ambiente onde celebrar assassinatos políticos parece moralmente aceitável.
Mas toda ação gera reação. Liberais e conservadores começaram a escancarar quem realmente são os intolerantes – aqueles que aplaudem morte alheia. E aqui está o paradoxo bonito da liberdade de expressão: ela expõe os verdadeiros autoritários para que a sociedade possa julgá-los. O empresário Tallis Gomes lidera o movimento “Demita Extremistas”, pressionando empresas a dispensar funcionários que celebram violência política. Alguns criticam, mas é exatamente assim que funciona a liberdade de associação: você tem o direito de falar, eu tenho o direito de não me associar com quem celebra a morte.
Políticos agora cogitam punir estudantes por discursos repulsivos. É um teste difícil: onde termina a opinião protegida e começa a incitação punível? A resposta liberal é clara – devido processo, especificidade e proporcionalidade. Não podemos combater autoritarismo sendo autoritários.
Como disse John Locke: “O fim da lei não é abolir a liberdade, mas preservá-la e ampliá-la.” E essa liberdade precisa de contrapesos morais para não virar licença para o ódio. Liberdade de expressão revela o caráter, devido processo pune o crime, e liberdade de associação mantém limpo nosso espaço comum. É isso que separa uma sociedade livre de uma turba sedenta de sangue.
Yuri Quadros é cofundador do Instituto Aliança, diretor de formação do IFL-BH, conselheiro da Rede Liberdade e colunista do Boletim da Liberdade.