Nos Estados Unidos, um novo modelo educacional vem chamando a atenção: escolas que substituem professores por inteligência artificial e oferecem um ensino radicalmente diferente do padrão estabelecido. A mais conhecida delas é a Alpha School, já presente em estados como Texas, Flórida, Arizona e Califórnia, e que prepara a abertura de novas unidades em Nova York.
A proposta rompe com a lógica da educação pública e padronizada, em que alunos são divididos por idade e submetidos a um currículo engessado. Na Alpha, cada estudante progride conforme suas habilidades, sem depender do ritmo da turma. As matérias básicas, como matemática e inglês, são estudadas em apenas duas horas por dia, tempo que a escola considera suficiente quando há personalização real do aprendizado por meio da IA.
O restante da jornada é voltado a atividades práticas, oficinas e projetos coletivos que desenvolvem competências de vida, como oratória, finanças pessoais e liderança. Em vez de professores, há “guias de aprendizagem”: profissionais selecionados não pela formação em licenciatura, mas pela experiência em áreas inovadoras, como tecnologia e startups. O foco é motivar e acompanhar o desenvolvimento individual com base nos relatórios da inteligência artificial.
O custo, no entanto, reflete a exclusividade: estudar na Alpha School custa a partir de 40 mil dólares por ano, cerca de R$ 217 mil. A mensalidade inclui materiais, viagens e atividades extracurriculares, mas restringe o acesso a famílias de alta renda. Ainda assim, a procura cresce, e a expansão mostra que há espaço para modelos educacionais que fogem do controle estatal.
Como toda inovação, não faltam críticas. Especialistas questionam a pouca carga horária em disciplinas tradicionais, o risco de excesso de telas, a ausência de professores formados e até a suposta “robotização” dos alunos, condicionados por recompensas externas. Outros apontam para a resistência de estados em aceitar o modelo, como aconteceu na Pensilvânia.
Apesar disso, a existência de iniciativas como a Alpha School abre espaço para um debate urgente: por que a educação precisa seguir amarrada a padrões burocráticos, que muitas vezes ignoram a individualidade de cada aluno? Ao permitir que famílias escolham alternativas inovadoras, mesmo caras e experimentais, o mercado educacional pode gerar soluções capazes de romper o atraso que a centralização estatal impôs ao ensino.
No fim, a Alpha School não é apenas um experimento tecnológico: é um símbolo do que acontece quando pais têm liberdade de escolha e empreendedores são livres para inovar sem pedir permissão ao Estado.