O governo Lula anunciou, nesta quarta-feira (13), um pacote de socorro de R$ 30 bilhões para empresas exportadoras afetadas pela tarifa de 50% imposta pelos Estados Unidos a produtos brasileiros. A medida, apresentada como “garantia de sobrevivência das empresas”, será viabilizada por uma Medida Provisória que cria nova linha de crédito. Esse dinheiro, como sempre, virá do bolso do contribuinte.
No pacote, além do crédito subsidiado, o Planalto promete ampliar compras governamentais, abrir novos mercados e dar prioridade para conteúdo nacional. Na prática, são medidas que aumentam o peso do Estado na economia e reforçam um modelo que já se mostrou caro e ineficiente.
Negociações com EUA
O anúncio vem em meio à estagnação das negociações com Washington. Desde o início da sobretaxa, em 6 de agosto, o vice-presidente e ministro da Indústria e Comércio, Geraldo Alckmin, tenta, sem sucesso, convencer o governo americano a recuar. Nos bastidores, aliados do Planalto admitem que o presidente dos EUA, Donald Trump, condiciona qualquer conversa ao fim dos processos contra Jair Bolsonaro no STF. Lula disse não sentir “disposição real” para negociar e descartou “se humilhar” para retomar o diálogo.
Enquanto isso, o governo aposta em conversas com Índia, Rússia e China para tentar compensar o prejuízo. O problema é que novos mercados não se constroem do dia para a noite e as empresas precisam de previsibilidade, não de pacotes emergenciais.
Além da linha de crédito, o plano de contingência prevê:
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Adiamento de tributos federais por até dois meses, repetindo a receita da pandemia;
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Compras públicas de perecíveis que estão encalhados desde a sobretaxa, como peixes, frutas e mel.
O Planalto ainda estuda acionar a Lei de Reciprocidade para taxar produtos dos EUA. Mas a medida divide o setor produtivo: há quem tema retaliações e alta no preço dos importados, e quem veja no gesto uma demonstração de força.