Por Maria Clara Martins Rodrigues
A liberdade de expressão é um tema recorrente na filosofia desde o seu princípio, e é tida como uma condição à existência e ao desenvolvimento do próprio pensamento filosófico. Ela contribui para o desenvolvimento do pensamento, do conhecimento, da ciência e da sabedoria. Quando Atenas processou Sócrates, deu “um tiro no pé”, pois o indivíduo que tem liberdade de expressão pode contribuir ao desenvolvimento da própria sociedade em que vive.
Sócrates defendia a liberdade de pensamento como essencial para a garantia da investigação filosófica e busca pela verdade. Ironicamente, o seu pensamento foi considerado subversivo pelos detentores do poder da época, e, recusando-se a deixar de se expressar, Sócrates foi condenado à morte. Este episódio da história demonstrou a importância da garantia da liberdade de expressão como um direito individual inalienável. Por isso, é inaceitável que no curso de filosofia exista algum constrangimento a qualquer pensamento que queira se manifestar.
As universidades deveriam ser o lugar de maior liberdade de pensamento possível! É pela colisão com opiniões diferentes que o intelecto humano amplia seus horizontes, adquire conhecimento e percebe seus equívocos. Multiplicar a variedade de nossas fontes é garantir a veracidade de nossas conclusões.
Sócrates morreu por falta de liberdade de expressão, e a filosofia está morrendo nas universidades contemporâneas. E quando a filosofia morre, todo o resto desmorona. A verdade está ameaçada porque floresce no ambiente de liberdade para ser investigada, e não nas restrições de pontos de vista.
Em filosofia, deveríamos saber exatamente a importância do debate e do diálogo. Sem isso, a filosofia não existiria! A obra, o julgamento e a morte de Sócrates testemunharam a importância e a necessidade da liberdade de expressão no ambiente filosófico e na vida. Mas quantas vezes colegas de curso disseram que “tem pessoas com quem não vale a pena o diálogo, o debate e a tolerância”! Quando uma sociedade renuncia ao diálogo e ao debate já criou um terreno fértil para os déspotas.
Quando se afirma que existe doutrinação ideológica nas universidades, quem é doutrinador ou doutrinado nos acusa de mentirosos, porque eles mesmos não se reconhecem dentro dessa engrenagem. Não percebem que foram formatados para verem qualquer um que discorde deles como monstros, e isso os faz cruéis ditadores que cerceiam a liberdade de expressão. Estamos assistindo ao fim do pluralismo de ideias! Eles falam de democracia e diversidade, mas odeiam que opositores intelectuais tenham liberdade para se manifestar. Atenas condena Sócrates e perde seu sábio… A esquerda condena seus opositores e condena a sabedoria.
Aliás, a esquerda supostamente humanista é um poço de truculência. Fui removida do grupo do curso de filosofia da UnB, onde se passam os avisos importantes sobre o curso e as aulas (ou seja, um ato prejudicial academicamente). Jamais disse nada lá que pudesse ser uma provocação, eles apenas leram alguns textos aqui da coluna, onde denuncio essas atrocidades que acontecem na UnB, entraram em meu perfil do Instagram, onde também manifesto meus pensamentos, e inventaram que eu era administradora da página do Wilker Leão, e isso foi o suficiente para me removerem do grupo.
Eles picham as paredes da UnB e penduram cartazes com o que quiserem, mas quando um grupo de direita foi na UnB remover pichações imorais, símbolos comunistas, frases de ódio à personalidades da direita e ao cristianismo, e cartazes de políticos de direita sendo assassinados, foram considerados criminosos.
Pichação em si já é um crime no Brasil, ainda mais essas que fazem apologia ao crime, são discurso de ódio, atentado ao pudor, vandalismo e deterioração do patrimônio público. Pichação não é liberdade de expressão, é crime! E alunos de direita não tem a mesma “liberdade” para manifestarem o que pensam nas paredes das universidades federais. Tanto que, para mostrar isso, esses alunos de direita penduraram uma bandeira de Israel numa parede de um centro acadêmico, e no outro dia, outros alunos queimaram essa bandeira.
Se a pichação for por parte deles é expressão artística, mas se for por parte dos adversários políticos e ideológicos, é crime. Não há liberdade de expressão para todos. Dias depois desse episódio, estava marcado que esse grupo que removeu as pichações lideraria uma manifestação por liberdade de expressão na UnB, mas a esquerda não nos deixou falar e nos expulsou histericamente daquele espaço que é público e diz prezar pelo debate das ideias e pela democracia.
A lei acadêmica proíbe que os verdadeiramente diferentes se manifestem. Basta um comentário cristão, liberal ou conservador, e automaticamente te chamam de fundamentalista, inferior intelectualmente por ter fé, ou fascista opressor e explorador dos pobres. Não existe autorização para pensar diferente nas universidades federais brasileiras.
Ainda que a esquerda alegue que existem professores cristãos, liberais ou conservadores nas universidades, com o igual direito de propagarem o que pensam, fica o questionamento: dá para dizer que um professor de biologia tem liberdade de expressão se ele pisa em ovos para não ofender ninguém, e por isso troca “homem e mulher” por “pessoa com útero e pessoa com próstata”? Não há liberdade de cátedra para professores que não são ateus ou socialistas, pois o politicamente correto os criminaliza.
A censura e a punição por discursos sempre foram usadas contra os cristãos, e é muita ingenuidade alunos cristãos apoiarem censura, de qualquer espécie, porque isso inevitavelmente se voltará para eles. Se um cristão quer censurar opiniões ofensivas, uma hora ele será acusado de ofensivo, porque o evangelho é ofensivo.
Jesus foi crucificado justamente por verdades que disse e as pessoas nãos gostaram. Foi acusado de “fake news”, como se diz hoje em dia, ao afirmar que era o filho de Deus. Todos os discípulos morreram por serem odiados pelo que diziam, e continua sendo assim: quem segue Jesus de verdade, uma hora ou outra será condenado pela lei dos homens, e considerado politicamente incorreto. Eu poderia me debruçar sobre essa afirmação, desenvolvendo-a historicamente, mas basta um olhar sincero sobre o momento em que vivemos.
Com qual religião as pessoas do politicamente correto mais implicam? Que religião ofende mais o progressismo e as ideias socialistas? Não é difícil ver nas universidades federais uma especial aversão ao cristianismo. Se um aluno manifestar defesa aos princípios cristãos, será criminalizado. No fim, essa sistematização compulsória da censura não é contra o que ofende, ameaça ou é falso, mas sobre A Verdade: Cristo.