A procuradora-geral da Flórida pediu, nesta semana, que a lei que proíbe shows ‘drag queen’ em espaços públicos passe a valer. De acordo com a procuradora Ashley Moody, a “Lei de Proteção às Crianças” tem como objetivo prevenir a exposição de crianças a apresentações sexualmente explícitas. O pedido aconteceu depois de um juiz do tribunal distrital proibir a lei por ser “inconstitucional” e atacar a liberdade de expressão de drags.
O Boletim da Liberdade conversou com Pedro Neves, conhecido como Sheila Sartal – drag queen libertária e de direita. O paulista se mudou para Boston e atua como ativista digital e maquiador. De acordo com ela, “a legislação em questão não se trata de uma lei anti-drag”, como diz parte da mídia. Sartal questiona: “a discussão é se é uma lei de proteção de crianças ou que viola os direitos dos pais. Esta tática retórica de distorcer o que um projeto de lei realmente faria tem sido empregada frequentemente nos últimos dois anos, a fim de criar um sentimento de medo em pessoas LGBTIA, quando na verdade, na maior parte das vezes está tudo bem”, destacou.
Por morar nos Estados Unidos, Sheila disse conhecer bem a realidade do “movimento drag”. Ao estudar sobre o tema da lei, a drag queen disse que “curiosamente, nenhum dos jornais que eu consultei e que reportaram sobre esta lei apresentaram o texto e quaisquer contrapontos ou discordâncias sobre o texto, mas apenas um espantalho do que a lei supostamente faria”, relatou.
Drag para Crianças?
Quem contestou a lei foi o restaurante Hamburger Mary’s, que fica em Orlando. O restaurante realiza apresentações como “drag brunches”, um café da manhã com shows de drag queens. O restaurante alegou que a nova legislação resultou em perda de negócios. Nesse sentido, Sheila entende que o texto da lei é sobre proteger crianças e que não parece impactar o entretenimento infantil que envolve drags. Sartal cita o caso da Vovó Mafalda do programa do Bozo no SBT e também a Princesa Caroço da animação Hora de Aventura. “A arte drag pode ser lúdica e caricata sem ser inadequada para crianças, e também não é nada novo, já que em várias peças de entretenimento infantil há personagens que brincam com conceitos de gênero”, defendeu.
A Lei em questão era prioridade para Ron DeSantis, governador da Flórida, que aguarda uma indicação do Partido Republicano para presidente em 2024. Quando assinou a lei, em maio, ele disse que “enquanto o mundo enlouquece, a Flórida representa um refúgio de sanidade e um pouco de normalidade”.