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Quem é o homem negro que o movimento negro representa?

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A formação da personalidade de um indivíduo é um processo de separação do eu em relação à coletividade. Segundo a teoria da doutora Melanie Klein, quando uma criança nasce, ela não tem uma definição clara do que é o eu e como ele se relaciona com o meio. Ela acredita que tudo ao redor é parte do ser que ela é e, em razão disso, aceita passivamente os estímulos ao redor como parte dela. Ainda não compreende que ela possui uma individualidade, porém o ser acaba amadurecendo, crescendo e, conforme evolui, acaba desenvolvendo uma individualidade. Todas as grandes linhas da psicologia defendem que os homens nascem e se desenvolvem numa crescente de individualização que os torna seres singulares.

O mesmo fenômeno é perceptível em grupos coletivistas, pois os grupos coletivistas buscam criar uma identidade distintiva que os defina como um coletivo e isso é algo especialmente notável dentro do movimento negro brasileiro.

O movimento negro brasileiro construiu, durante décadas, uma identidade baseada em uma visão estereotipada e irreal da população negra brasileira. Por exemplo, as grandes figuras do movimento negro e a cultura tida como cultura negra brasileira são pertencentes a religiões de matriz africana e grupos esquerdistas. Na mídia, essa é a figura clássica do “negro brasileiro”, e é assim que as figuras políticas de esquerda descrevem o negro. Porém, toda essa caracterização se baseia num estereótipo construído pelo movimento negro que não considera a individualidade dos negros brasileiros ou a personalidade da maioria dos negros brasileiros.

Os dados do IBGE são os maiores inimigos da caracterização que o movimento negro coletivista fez dos negro brasileiro.

Segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), existem aproximadamente 11.951.347 negros evangélicos, sendo que 8.676.997 (72,6%) são pentecostais. Enquanto isso, a população negra de umbandistas e candomblecistas não ultrapassa 253 mil indivíduos. Outro ponto interessante de se analisar é que a grande base de apoio dos políticos de direita, com viés conservador ou liberal, são justamente os evangélicos pentecostais. Isso significa que grande parte dos negros do Brasil fazem parte de grupos que institucionalmente defendem pautas de direita. Mesmo assim, o movimento negro e a mídia criam uma narrativa de que os negros brasileiros são alinhados a pautas de esquerda.

A pergunta que fica para nós ao analisarmos esses dados é: por qual razão boa parte das vozes negras do Brasil é ignorada pelo movimento que, em tese, as representa?

Os estudos sobre a formação da personalidade de um indivíduo explicam isso. O movimento negro precisou criar para si uma identidade e personalidade. Tal qual um indivíduo, ao formar sua personalidade, precisa se destacar dos demais e criar uma forma própria de ser, o movimento negro criou características distintas que o tornaram o que é. No entanto, a característica que eles tomaram para si não corresponde aos homens que eles dizem representar.

O grande problema que tornou o movimento negro descolado da população que eles representam é justamente o caráter coletivista que eles adotam, que os impede de dialogar com a individualidade dos negros brasileiros. Nós, liberais, defendemos o indivíduo como a minoria a ser defendida e não uma coletividade com personalidade construída artificialmente ou romanticamente, baseada numa visão esquerdista da população.

A defesa do homem negro como um Eu singular e dotado de direitos individuais é a melhor forma de verdadeiramente defender os homens negros. Nós, homens negros, temos personalidades individuais que destoam da persona coletiva construída pelo neocolonialismo do movimento negro brasileiro.

A celebre frase a Ayn Rand explica muito bem qual o grande problema dos movimentos sociais coletivistas:

“A menor minoria na Terra é o indivíduo. Aqueles que negam os direitos individuais não podem se dizer defensores das minorias”.

Precisamos pensar em um modelo de luta pelos indivíduos negros e não por coletivos negros, em pessoas com personalidades e características individuais, que nem sempre compartilham de uma crença ou orientação política em comum, mas sim em um ideal de liberdades individuais e direitos humanos.

*Héber Lima é diretor de comunicação na UJL em São Paulo, líder da Corrente Black da UJL e Líder do NOVO SP Jovem.

Esse é um artigo de opinião e, não necessariamente, representa as ideias do Boletim da Liberdade e de seus editores.

Aviso

As opiniões contidas nos artigos nem sempre representam as posições editoriais do Boletim da Liberdade, tampouco de seus editores.

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